Política

As agulhas do poder

Saiba quem é o acupunturista que atende empresários, políticos, celebridades e se tornou o pivô da primeira denúncia contra o candidato Geraldo Alckmin

Dr. Jou Eel Jia, um médico de 48 anos, estava excepcionalmente agitado no início da tarde da terça-feira 11. Falava rápido, levantava-se da cadeira e demonstrava uma boa dose de ansiedade ao conceder sua primeira entrevista para contestar as denúncias de que teria ligações espúrias com Geraldo Alckmin, o candidato do PSDB à presidência da República. Uma das acusações era de que sua revista Ch´an Tao, focada em saúde e bem-estar, teria recebido anúncios de estatais paulistas para promover o nome de Alckmin. Outra, a de que teria firmado convênios de R$ 1 milhão com o governo estadual. A terceira, e a que mas lhe incomodou, a de que sua filha Suellen seria sócia de Thomaz, o primogênito de Alckmin. “Eu sei que chinês tem que ter paciência, paciência, paciência, mas uma hora basta”, disse Dr. Jou à DINHEIRO. No mesmo instante, ele foi à sala da sua secretária e voltou com a relação dos pacientes que passaram pela clínica Ch´an Tao, localizada no Jardim Paulista, área nobre de São Paulo, naquele dia. Foram 37 pacientes. Alguns pagaram R$ 350 pela consulta com sessões de acupuntura. Outros desembolsaram R$ 120 pelo retorno às agulhadas. Só naquela manhã, ele faturou cerca de R$ 8,5 mil. “Nunca precisei de dinheiro público”.


 


Dr. Jou tem uma história de vida singular. Filho de chineses de linhagem nobre, ele chegou ao Brasil em 1970, aos 12 anos, sem falar uma única palavra em português. Seus pais fugiam da perseguição comunista. Aos 17, antes mesmo de concluir o ginásio, ele passou em primeiro lugar nos vestibulares para medicina de várias faculdades e foi notícia de jornal pela primeira vez. Dr. Jou escolheu a Escola Paulista de Medicina e começou os estudos com mandado de segurança, pois não tinha diploma secundário. Surgiu ali seu primeiro dilema: seguir ou não a medicina tradicional. Dr. Jou preferiu voltar às raízes e fez cursos de medicina oriental na China e no Canadá. “A técnica ocidental é muito boa, mas serve para curar doenças e não para curar as causas das doenças”, diz ele. De volta ao Brasil, ele fez fortuna nos anos 80 atendendo empresários, como Antônio Ermírio de Moraes, da Votorantim, e Álvaro de Souza, do Citibank, bem como celebridades, como a cantora Elba Ramalho.


Rico e realizado, ele começou a trabalhar com o setor público em 1990. “Mas só fiz trabalho voluntário”. Dr. Jou treinou médicos para a Prefeitura de São Paulo em convênios que atravessaram as gestões de Luiza Erundina, Paulo Maluf e Celso Pitta. “A Marta Suplicy cortou porque queria investir em publicidade”, diz ele. Foi só em 2003 que ele conheceu Dona Lu Alckmin, a primeira dama de São Paulo. “É uma mulher maravilhosa, de sensibilidade social, que disse que eu deveria treinar os professores”, diz ele. E foi assim que surgiram os convênios com o governo estadual do Programa Gente. Até hoje, Dr. Jou já treinou mais de 30 mil profissionais. O valor dos convênios, segundo nota do governo estadual, diz respeito apenas ao transporte e ao gasto com alimentação dos professores. “Nunca ganhei um centavo”, diz Dr. Jou. Sobre os anúncios nas revistas, um da Sabesp e outro da Transmissão Paulista, cada um ao custo aproximado de R$ 15 mil, Dr. Jou diz que foram feitos de forma técnica. “Minhas revistas vão para 20 mil leitores, de classe A”, diz ele, exibindo anúncios pagos por empresas como TAM e Nokia. E a sociedade de Suellen com Thomaz? “É uma microempresa que não fatura nem R$ 3 mil por mês”, afirma. Depois de tanto stress, Dr. Jou não recorreu a sessões de acupuntura. “Resolvo meus problemas meditando”.

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