Os dez anos do massacre de 19 trabalhadores rurais, no dia 17 de abril de 1996, em Eldorado dos Carajás, no Pará, é lembrada pelo Movimento dos Sem-Terra (MST) com manifestações em todo o País. Amanhã, no local das mortes – chamada Curva do S – na Rodovia PA-150, haverá um ato público para o qual são esperados milhares de militantes do MST, políticos, familiares dos mortos e representantes dos trabalhadores que saíram feridos. O secretário especial de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, representará o governo federal.
Um grupo de 200 jovens do MST já está acampado na Curva do S desde o primeiro dia deste mês. Eles estão distribuídos em 19 barracas, cada uma delas com o nome de um dos mortos. Todos os dias, às 17h30, horário em que a polícia começou a disparar contra os sem-terra, eles interrompem o tráfego naquele trecho da rodovia, entre os municípios de Eldorado dos Carajás e Curionópolis. Ficam gritando palavras de ordem e cantando hinos durante 30 minutos.
Ontem, em Pernambuco, cerca de 200 famílias ligadas ao MST voltaram a ocupar o Engenho São Bernardo, em Paudalho, na Zona da Mata. Foi a 31ª invasão do MST neste ano em Pernambuco, numa onda de ações que se espalhou por diversos Estados com o propósito de lembrar os mortos de Eldorado e pressionar o governo para que acelere a reforma agrária. Desde o ano 2000 não se via um volume de invasões tão grande como agora.
Em São Paulo, às 17 horas de amanhã, entidades de direitos humanos, organizações sindicais e pastorais sociais da Igreja Católica realizarão um ato de protesto contra o Poder Judiciário. Vão lembrar que ninguém recebeu recebeu condenação definitiva até agora. Ao final do ato, os manifestantes depositarão velas e cruzes ao redor do edifício do Tribunal de Justiça. Em Brasília, os mortos serão homenageados às 11 horas com uma sessão na Câmara dos Deputados, no Plenário Ulysses Guimarães. Para o período da tarde está programado um debate sobre violência no campo.
Na Bahia, um grupo de militantes do MST marcha desde o dia 10 para lembrar as mortes. Eles saíram de Feira de Santana em direção a Salvador, devendo participar amanhã de um ato de protesto diante do fórum da capital baiana, no Campo da Pólvora.
De acordo com o MST, deverão ocorrer manifestações também no exterior, diante das embaixadas brasileiras da França e da Itália. Segundo Marina dos Santos, militante alçada há pouco à função de porta-voz do MST, substituindo João Paulo Rodrigues, os atos no exterior serão organizados por simpatizantes do movimento.
Agência Estado
Protestos lembram 10 anos do massacre de Eldorado
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