A CPI dos Bingos vota amanhã uma série requerimentos para convocar envolvidos direta ou indiretamente no caso da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, considerado o pivô da queda do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.
A prioridade deve ser os requerimentos para chamar o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, que afirmou à Polícia Federal ter entregue o extrato bancário do caseiro nas mãos do ex-ministro. Há dois requerimentos na comissão somente para ouvir o ex-presidente do banco, dos senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e José Jorge (PFL-PE).
O depoimento de Mattoso também é importante para definir a convocação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o outro “vértice” no escândalo da violação do sigilo bancário.
Alguns líderes da oposição querem ouvir o ministro no Congresso somente depois do depoimento de Mattoso, que poderia falar aos membros da CPI na quinta-feira.
A oposição quer que Bastos explique a reunião que teve com o ex-ministro da Fazenda quando, supostamente, teria ajudado Palocci a montar sua estratégia de defesa, sete dias após a noite em que houve a violação do sigilo bancário.
Além do ex-presidente da Caixa, os demais requerimentos pedem a presença dos auxiliares diretos do ministro Bastos, o secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg, e o chefe de gabinete, Cláudio Alencar. Ambos estiveram na casa de Palocci na noite em que Mattoso afirma ter entregue os dados do caseiro para o então ministro.
Outro requerimento solicita ainda o depoimento do ex- assessor de comunicação de Palocci, o jornalista Marcelo Netto, suspeito de ter repassado o extrato bancário do caseiro Francenildo Costa para a revista “Época”.
O escândalo
O vazamento dos dados bancários do caseiro ocorreu logo depois dele contradizer Palocci na CPI dos Bingos. Ele disse ter visto Palocci na casa usada em Brasília para fechamento de negócios suspeitos com lobistas e festas com prostitutas. Palocci negou para a CPI ter freqüentado essa casa.
O depoimento de Mattoso à Polícia Federal sobre o envolvimento do ministro no caso levou à desestabilização do governo e a conseqüente saída de ambos.
A PF já indiciou Mattoso e Palocci pelos crimes de quebra de sigilo bancário e violação de sigilo funcional. Palocci pode ser indiciado ainda por prevaricação. Netto ainda não foi indiciado.
Fonte: Folha Online
