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Países emergentes pressionam o FMI por reformas

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Os altos funcionários do Fundo Monetário Internacional (FMI) deverão abordar neste final de semana em sua assembléia de primavera a crescente pressão dos países em desenvolvimento, particularmente os asiáticos, para ter mais peso na tomada de decisões.

Está previsto que o conselho do FMI dedique grande parte de sua atenção a essas pressões.

A Ásia e os países emergentes reclamaram durante anos maior participação no Fundo, petição esta que é bem vista pelo diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato.

“A comunidade internacional deve sentir que tem voz no FMI”, escreveu ele recentemente num artigo publicado no The International Herald Tribune.

Dominado durante longo tempo pelos Estados Unidos, os países europeus e o Japão, o FMI deve agora encontrar a maneira de representar melhor a China e outras nações asiáticas.

As nações em desenvolvimento assinalaram sexta-feira ser “imperativo” algum progresso concreto em relação aos direitos de voto dos membros, antes das próximas reuniões do FMI e do Banco Mundial em setembro, em Cingapura.

Rato sugeriu que se estabelecesse uma reforma em dois tempos, para que “os membros subrepresentados” contem com um aumento “ad hoc” de sua influência no FMI, enquanto se chega a um consenso sobre uma reforma definitiva.

O G7 apoiou a proposta de “duas etapas”, anunciando que “um aumento ad hoc das cotas poderia ajudar a refletir melhor o peso econômico internacional dos membros”.

Os países africanos rejeitam a proposta, preferindo “que a redefinição seja feita de uma só vez”, segundo Abdulaye Diop, ministro de Finanças do Senegal.

“A modernização do FMI deve refletir o crescimento rápido de inúmeras economias emergentes e outras mudanças importantes como o evento do euro”, destacou na quarta-feira Tim Adams, subsecretário americano do Tesouro para os assuntos internacionais.

“Chegou a hora de tomar decisões sobre uma reforma de cotas-partes entre países membros do FMI que regulamentem seu nível de representação e de influência”, disse Rato semana passada em entrevista ao jornal britânico Financial Times.

Este sistema dá a cada um dos 184 membros um certo número de votos que permite também calcular sua respectiva contribuição aos recursos gerais do Fundo. Estas cotas-partes são estabelecidas em função da potência econômica “relativa” dos países, do Produto Interno Bruto (PIB), do saldo das transações correntes e das reservas oficiais de câmbio.

Por enquanto, os países ocidentais possuem mais peso, em razão de seu poder econômico, mas também de uma arquitetura estabelecida no fim da II Guerra Mundial que não faz jus às economias emergentes do século 21, como China e Índia.

“Será crucial realizar estes avanços sobre esta questão até as próximas reuniões anuais em Cingapura em setembro”, destacou Rato em seu relatório sobre a estratégia a médio prazo do FMI.

“Considerando a natureza da economia mundial, se não levarmos em conta regulamente as mudanças acabaremos perdendo a legitimidade”, disse na quarta-feira à imprensa.

Além destas razões para a reforma, a instituição precisa de dinheiro. A boa saúde da economia mundial faz com que ela empreste cada vez menos. Com isso, o Fundo vê suas rendas com pagamento de juros minguarem. O Brasil e a Argentina inclusive pagaram suas dívidas antecipadamente este ano ao FMI.

As cotas-partes não são, porém, o único assunto da reforma do Fundo.

Os Estados Unidos querem recobrar seu papel inicial de guardião dos equilíbrios monetários internacionais e ter meios para exigir da China uma valorização de sua moeda, o yuan, em vez de apenas sugerir em termos extremamente diplomáticos, como vêm fazendo.

Folha Online

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