O juiz Pedro de Oliveira Eckert, de Barra do Ribeiro (RS), aceitou a denúncia apresentada na segunda-feira pelo Ministério Público contra 37 pessoas supostamente envolvidas na invasão do horto da empresa Aracruz, no Rio Grande do Sul, em março. Entre os acusados está o líder nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Pedro Stédile. O juiz Eckert também determinou a quebra do sigilo bancário de três entidades ligadas à Via Campesina, movimento fundado pelo MST, e que foi responsabilizado pela invasão.
Na invasão, cerca de 2.000 militantes do grupo destruíram os laboratórios e um viveiro de 50 mil mudas de árvores nativas e um milhão de mudas de eucaliptos, com perdas de pesquisas de 20 anos sobre cruzamentos genéticos e seleção de espécies.
Representantes da Via Campesina afirmaram que a invasão representava uma denúncia contra “conseqüências sociais e ambientais do avanço da invasão do deserto verde criado pelo monocultivo de eucaliptos”.
O juiz acatou o pedido de quebra do sigilo bancário de três entidades: a AMTR-Sul (Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Região Sul do Brasil), a ANMC (Associação Nacional das Mulheres Camponesas) e a NMRT (Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Rio Grande do Sul).
Em sua representação, o Ministério Público justifica a quebra do sigilo porque algumas dessas entidades ao recebiam verbas públicas para o custeio de suas atividades.
O Ministério Público ainda apresentou denúncia contra 37 pessoas que estariam envolvidas no episódio da invasão, mas o juiz pediu para que a instituição se manifeste sobre a possibilidade de suspender o processo sobre 18 acusados por dano qualificado.
Em relação ao restante, Eckert marcou a primeira audiência para o dia 9 de maio e determinou a expedição de cartas convocando para os demais acusados, tanto no país quanto no exterior. Parte dos acusados pelo Ministério Público são estrangeiros, com origem desde o país basco (Europa) até a Indonésia (Ásia).
Fonte: Folha Online