O presidente Luiz Inácio Lula da Silva distribuiu missões nos últimos dias a dirigentes petistas e aliados para que os obstáculos à aliança do PT com PMDB nos Estados sejam eliminados ou minimizados.
Uma das articulações em curso com o grupo governista do PMDB é que o documento produzido no Encontro Nacional do PT, que será realizado no final de semana, deixe brechas para subordinar os diretórios estaduais do partido a decisões de Lula.
O partido daria carta branca ao presidente por considerar que a prioridade é o projeto nacional. O PT apoiaria de forma irrestrita as orientações de Lula sobre alianças estaduais. O presidente participa amanhã da abertura do Encontro Nacional do PT.
A cúpula petista considera que alianças bem sucedidas com o PMDB podem dar a Lula a vitória no primeiro turno. A resolução do Encontro Nacional depende de aprovação da maioria do PT, e política de alianças será a principal polêmica do encontro petista.
Os peemedebistas aliados de Lula vão tentar antecipar para 13 de maio a convenção nacional em que será decidido se o PMDB terá ou não candidato à Presidência.
Lula insiste que o PT deixe de lançar candidato próprio em alguns Estados para se unir ao PMDB. A ala governista do PMDB disse ao presidente que seria preciso desatar nós inicialmente em dois Estados (Santa Catarina e Goiás).
Articuladores
Lula convocou o presidente do PT, Ricardo Berzoini; o ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro; e o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana, para uma reunião há cerca de três semanas. Disse a eles que precisavam agir rapidamente para impedir que o PMDB se aproximasse do PSDB.
O presidente também discutiu o crescimento da candidatura de Anthony Garotinho com aliados próximos, como o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e o presidente do PSB, deputado Eduardo Campos (PE).
As ordens de Lula começam a surtir efeito. O presidente do PMDB, Michel Temer, disse à Folha que Tarso Genro “mandou recados” de que quer uma conversa com ele.
“Conversar não faz mal pra ninguém, mas a grande maioria das composições do PMDB é com o PSDB e com o PFL.”
Tarso também telefonou na terça-feira para o governador licenciado de Santa Catarina, Luiz Henrique (PMDB). Hoje ele desembarca em Brasília para uma conversa com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em que discutirão o ressarcimento da Lei Kandir e pendências da federalização do Besc (Banco do Estado de Santa Catarina).
A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti, também procurou Luiz Henrique. A tentativa do PT é evitar que o ex-ministro José Fritsch (Pesca) dispute o governo. PT e PMDB romperam no Estado em 2004. Preferido na disputa, Luiz Henrique ensaia uma aproximação com tucanos e pefelistas.
Em Goiás, o PMDB quer lançar o senador Maguito Vilela com o apoio do PT. O diretório estadual do PT resiste e propõe a candidatura própria. Lula está disposto a interferir pessoalmente.
A principal preocupação de Lula é com o assédio do PSDB a Orestes Quércia em São Paulo. Como a aliança PT e PMDB no Estado é inviável, Lula conta com o presidente da Câmara.
Aldo e Quércia têm mantido conversas constantes. Nenhum acordo foi fechado, mas em uma dessas reuniões Aldo disse a interlocutores de Quércia que aceitaria disputar inclusive o governo de São Paulo, cedendo a vaga de senador ao ex-governador.
“Aceito se for uma solução nacional, e não por vaidade”, afirmou Aldo num desses encontros, de acordo com o relato de um interlocutor.
“A militância majoritariamente defende uma política de alianças ampla”, afirmou Berzoini. Ele disse que alianças formais com o PMDB são complexas pelo risco de o partido ter candidato à Presidência. Já as informais, avalia, caminham bem.
Fonte: Folha Online