Em uma aparente tentativa de impedir que seu programa nuclear seja alvo de um voto de sanções no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), um alto funcionário iraniano disse hoje que o governo de Teerã está disposto a permitir as inspeções de suas instalações se o caso for enviado de volta à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas destacou que o enriquecimento de urânio continuará.
“Se o caso voltar para a agência, iniciaremos a seção correspondente ao Protocolo Adicional”, disse Mohammed Saeedi, vice-chefe para questões nucleares. O Protocolo Adicional do Tratado de Não-Proliferação Nuclear contempla inspeções sem aviso prévio.
Saeedi declarou também que o Irã continuará desenvolvendo sua tecnologia, com a instalação de duas novas cascatas de 164 centrífugas em sua usina de enriquecimento de urânio em Natanz, na região central do país. Ele disse que cientistas iranianos estão estudando centrífugas mais avançadas que as declaradas pelo presidente Mahmud Ahmadinejad semanas atrás. Os novos equipamentos acelerarão o processo de enriquecimento. “Nossos esforços buscam chegar a máquinas mais desenvolvidas como na Alemanha, Holanda, Japão e Brasil”, disse Saeedi.
O chanceler russo, Sergei Lavrov, pediu hoje a seu colega iraniano, Manuchehr Mottaki, que suspenda os trabalhos de enriquecimento de urânio. “O lado russo reitera que há uma necessidade urgente de que o Irã tome passos concretos para restaurar a confiança em seu programa nuclear, suspendendo suas pesquisas científicas e de exploração no enriquecimento de urânio e por meio de uma cooperação total com a AIEA para esclarecer as últimas questões sobre o programa nuclear iraniano”, disse Lavrov.
O presidente iraniano reiterou hoje que seu país não renunciará jamais a seu programa nuclear, apesar da ameaça de imposições de sanções pelo Conselho de Segurança. “A decisão do Irã de controlar a tecnologia nuclear e a de produção de combustível nuclear é irreversível”, garantiu.
Na sexta-feira, o diretor da AIEA, Mohamed ElBaradei, entregou ao Conselho de Segurança um relatório certificando que o Irã não suspendeu o enriquecimento de urânio como pediu o órgão da ONU. O Irã insiste que apenas está utilizando seu direito soberano de enriquecer urânio para usá-lo na produção de energia civil e não na forma altamente enriquecida que poderia ser utilizada em uma arma nuclear.
“Se eles escolherem o caminho sábio e o caso voltar à AIEA, achamos que podemos resolver rapidamente todas as questões mencionadas no relatório de oito páginas de Baradei”, disse Saeedi.
Agência Estado
