Crise do gás

Presidente da Petrobras considera medida não-amistosa

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse hoje que a empresa vai "tomar as medidas necessárias, em todas as instâncias"

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse hoje que a empresa vai “tomar as medidas necessárias, em todas as instâncias”, para preservar os investimentos na Bolívia, ameaçados após a publicação do decreto da nacionalização dos hidrocarbonetos (petróleo e gás) pelo presidente Evo Morales. O duro texto elaborado pelo governo boliviano surpreendeu a direção da estatal, que havia retomado as negociações com os bolivianos há duas semanas. “Foram medidas unilaterais e não amistosas”, afirmou o executivo, que antecipou sua volta ao Brasil para avaliar a questão com o governo brasileiro e técnicos mais próximos das atividades no país vizinho.

Gabrielli chegou a Houston hoje pela manhã, para participar da Offshore Technology Conference (OTC), feira mundial de tecnologia de petróleo. Foi surpreendido no fim da manhã com a publicação do decreto e voltou ao Brasil à noite. Durante almoço com jornalistas na capital texana, não parava de conversar ao telefone com assessores no Brasil e na Bolívia. “A principal preocupação é garantir o fornecimento de gás ao mercado brasileiro”, disse em entrevista no fim da tarde, após reunião com seus sócios na Refinaria de Pasadena.

A Petrobras espera que o contrato de importações atual, que prevê o envio de até 30 milhões de metros cúbicos por dia, seja mantido, mas Gabrielli disse que o decreto deixou muitas dúvidas sobre o que significará a nacionalização.

O diretor internacional da companhia, Nestor Cerveró, procurou tranqüilizar o consumidor brasileiro de gás, afirmando que os volumes atuais serão mantidos. “Essa é a nossa principal preocupação. Estamos falando de 50% do mercado brasileiro”, reforçou Gabrielli. Caso as negociações com o governo Morales não sejam bem sucedidas, a empresa tem a alternativa de partir para arbitragem internacional para evitar o rompimento dos contratos sem indenização.

Agência Estado

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