Esporte

Surfistas encaram a etapa do crânio quebrado

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Até onde vai a coragem de um surfista? Até Teahupoo, no Taiti. Um lugar onde o esporte é levado ao extremo, onde não atingir a perfeição pode significar ser engolido pelas ondas. A tradução do nome do local explica por que a etapa, que começa nesta quinta-feira, é a mais temida da divisão de elite mundial (WCT): “crânio quebrado”.

Teahupoo é um pico situado a cerca de um quilômetro da costa taitiana. As ondas podem chegar a cinco metros e quebram sobre uma bancada de corais pontiagudos. Um simples descuido pode levar à morte. Foi o que aconteceu em 2002 com um surfista local.

– Ele morreu ao tentar passar uma onda e voltar com o lip (crista) direto na bancada de coral que, entre outras complicações, lhe causou quebra do pescoço arrancando metade de sua face. Foi horrível – conta o Tour Manager da Associação dos Surfistas Profissionais (ASP), Renato Hickel.

Teahupoo assusta, mas também fascina. Os brasileiros já tiveram belos feitos por lá. O paraibano Fábio Gouveia conquistou, em 2000, uma nota dez num tubo que costumar de “o tubo de seua vida”. Em 2003, o potiguar Danilo Costa chegou às semifinais, em que perdeu para o campeão Kelly Slater, vencedor naquele ano e na temporada passada. Nesta, Paulo Moura e Neco Padaratz tiraram dez.

– Parece um estádio de futebol lotado. Todos olhando assustados para cada surfista. Fiquei 20 minutos até tomar coragem para descer uma onda – diz o potiguar Marcelo Nunes, lembrando-se de sua atuação em 2002.

Em cada etapa, cerca de dez atletas vão parar na enfermaria. Até pequenas escoriações podem ser perigosas já que os corais são focos de bactérias. Em 2000, o inglês Russel Winter cortou os pés em um coral e teve de ficar quase cinco meses afastado do Circuito.

O caso mais grave foi o do catarinense Neco Padaratz, em 2000. Ele quase perdeu a vida depois de sofrer uma queda em uma das ondas ao final de sua bateria. Primeiro, Neco ficou preso ao reef pela cordinha (impossibilitado de alcançar a superfície pra respirar). Após conseguir tomar algum ar, ele foi coletado por mais uma onda e ficou preso numa caverna de corais.

– Ao ser resgatado, ele espumava pela boca e estava em estado de choque – conta Hickel.

Fonte: Globo.com

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