A possível oferta do PT ao ex-ministro Ciro Gomes para ser o vice na chapa encabeçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição fez o PSB mudar o tom do discurso. Antes contrária à aliança formal em torno do petista, a direção do partido agora tenta apagar incêndios para viabilizar a indicação de Ciro.
A FolhaOnline apurou que o presidente nacional do PSB, deputado Eduardo Campos (PE), já decidiu fechar a coligação. A interlocutores, ele tem afirmado que a coligação reforçaria as candidaturas do partido aos governos de pelo menos seis Estados: Amapá, Rio Grande do Norte, Maranhão, Ceará, Pernambuco e Goiás. Nesses locais, Lula subiria no palanque dos socialistas.
O PSB ainda leva em conta a possibilidade de chegar ao Palácio do Planalto, numa eleição que, apontam as pesquisas, pode ser decidida ainda no primeiro turno.
São Paulo é contra
Os diretórios de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina não aceitam de imediato a aliança formal com o PT. Mas esses diretórios devem ser voto vencido na convenção nacional do partido, marcada para junho.
O problema é que ao optar por indicar o vice na chapa de Lula, o PSB estará abrindo mão de superar a cláusula de barreira. A regra entrará em vigor nas eleições deste ano e obriga os partidos a conquistarem 5% dos votos válidos –sendo 2% em nove Estados. Quem não conseguir alcançar esses percentuais perderá representação no Congresso e dinheiro do fundo partidário.
Legado de Arraes
Superar a cláusula de barreira foi o último pedido do ex-presidente do partido Miguel Arraes ao partido. Antes de morrer, em agosto de 2005, Arraes reuniu a executiva e recomendou que todos os esforços fossem nesse sentido.
“Temos obrigação de superar a cláusula de barreira em homenagem ao Arraes. Seria uma loucura, nesse momento de guilhotina, o partido se importar com outras coisas que não a cláusula de barreira”, alertou o deputado Beto Albuquerque (RS), um dos vice-presidentes do PSB.
A avaliação do grupo contrário à aliança com Lula é que ela pode tirar cerca de 200 mil votos do partido só em São Paulo e outros 300 mil no Ceará. O cálculo do último caso considera os votos que serão perdidos se Ciro não disputar uma vaga na Câmara dos Deputados.
45 deputados
Para superar a cláusula de barreira, o PSB precisa eleger no mínimo 45 deputados federais –hoje o partido tem 29.
Números que dificilmente serão alcançado se Estados importantes como São Paulo e Minas estiverem amarrados por conta da verticalização. A medida obriga os partidos que tiverem candidato à Presidência da República a repetirem nos Estados a mesma aliança nacional. Ou seja, o PSB só poderia se coligar com o PT e o PC do B.
“A reeleição do Lula é um ponto prioritário para o nosso partido, mas não podemos abrir mão de crescer, de termos uma grande bancada na Câmara. Se não superarmos a cláusula de barreira podemos até eleger seis governadores, mas todos deixarão o partido que irá sucumbir sem representação”, avaliou Albuquerque.
Fonte: Folha Online
Apoio formal à reeleição de Lula divide PSB
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