A disputa travada atualmente na América não é entre os Estados Unidos e seus vizinhos do sul, mas entre duas correntes políticas que trariam conseqüências muito diferentes para o futuro dos países da região, o liberalismo e o populismo, publica hoje a revista britânica “The Economist”.
Em um especial sobre a América Latina, a revista destaca que, depois da estagnação econômica registrada entre 1998 e 2000, os cidadãos responsabilizaram as medidas econômicas neoliberais adotadas nos anos 90 pela crise, e começaram a votar na oposição, que possui tendências de esquerda.
Segundo “The Economist”, atualmente se destacam dois grupos políticos na região. O primeiro formado por liberais, de direita e de esquerda, e o segundo pelos “líderes populistas radicais”.
“Os populistas gritam mais alto e dizem estar ajudando os pobres com a nacionalização do gás e do petróleo”, afirma a revista.
O presidente boliviano, Evo Morales, e o venezuelano, Hugo Chávez, não fazem parte da elite “branca” que dirigiu a América Latina durante décadas, e são especialmente críticos ao presidente americano, George Bush.
“Por todas estas razões, os populistas ganharam a simpatia de paternalistas ignorantes no exterior”, destaca a revista, ao criticar o Governo Chávez.
Depois de sete anos no poder e um lucro inesperado com o petróleo, o presidente venezuelano conseguiu “finalmente” iniciar programas de saúde e educação para as classes urbanas mais pobres.
Os índices de pobreza do país estão caindo, embora ainda se mantenham por volta dos 40%, “mas seria extraordinário se não fosse assim, dado o preço do petróleo”, sustenta “The Economist”, que reconhece que Chávez foi eleito duas vezes e continua com altos índices de popularidade.
No entanto, “The Economist” insiste que Chávez “está arruinando a prosperidade de seu país”.
“Como desmantelou todas as inspeções e as instituições independentes ou que representam um equilíbrio a seu poder, seu regime é baseado em seu controle pessoal da companhia estatal de petróleo, das forças armadas e das milícias armadas”, afirma a publicação.
Segundo “The Economist”, os Governos do Brasil, Chile, Colômbia e México “estão começando a conseguir reduções sustentáveis da pobreza, e inclusive da desigualdade, em parte com a aplicação de políticas sociais mais efetivas”.
De acordo com a publicação, esta diferença será ainda mais clara quando os preços das matérias-primas caírem e o ciclo econômico mudar.
Nestas condições, o Chile poderá manter seus programas sociais destinando o dinheiro economizado por meio dos lucros inesperados com o cobre. Sobre a Venezuela, a revista diz que o futuro “pode lembrar não Cuba, como muitos oponentes de Chávez temem, mas Nigéria, um Estado petroleiro fracassado”.
A publicação pede aos democratas de todo o mundo, incluindo europeus e os latinos americanos, que esclareçam de que lado da disputa estão.
Em sua reportagem especial dedicada à região, “The Economist” destaca que a América Latina conseguiu melhorar a taxa de crescimento econômico nos últimos anos, cuja média foi de 5,9% em 2004, a maior desde 1981.
Um exemplo de grande crescimento é o da República Dominicana, cuja economia cresceu 9,3% no ano passado, acrescenta a publicação, que também repercute os problemas de segurança pública no Brasil.
EFE
América Latina se divide entre tendências liberais e populistas
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