Uma dieta alimentar balanceada é a melhor receita para uma vida saudável e longa. Com o aumento da expectativa de vida, que já passa dos 70 anos no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os especialistas têm voltado mais os olhos para este aspecto. O mercado está cheio de promessas de “dietas milagrosas”. E este é, justamente, o maior perigo.
Os especialistas alertam: não há milagres. O envelhecimento é um processo natural pelo qual todos passarão. O diferencial entre cada indivíduo está na forma como conduziu e conduz sua vida. “Uma alimentação adequada leva a agerasia (envelhecer de forma saudável, com saúde)”, afirma Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia. “A velhice depende muito do que se comeu quando jovem. A qualidade dos rins, dos ossos, está ligada aos hábitos de vida durante a juventude”, avalia Júlio César Moriguti, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Regional São Paulo.
O ideal é, ao longo da vida, adotar uma dieta balanceada. E nunca é tarde para isso. É preciso começar o mais cedo possível a policiar os hábitos alimentares. O benefício será proporcional e, de certa forma, criará uma resistência aos males que possam surgir no futuro.
Com o envelhecimento, o corpo naturalmente sofre mutações. Uma delas é a redução da quantidade de água intra-celular. Os idosos estão mais propícios à desidratação porque possuem menos água no corpo. Desta forma, uma das principais recomendações é ingerir a maior quantidade de líquidos, mesmo sem sede.
Após os 60 anos é normal a perda de massa magra e o aumento do tecido adiposo. As funções orgânicas diminuem, assim como as habilidades e resposta aos hormônios. São alterações comuns que qualquer idoso vai enfrentar. O segredo está em como passar por essa situação. A resposta está em cada um. Se o seu estilo de vida for bom, o impacto das mudanças será menor. “O idoso bem nutrido resiste mais às infecções”, lembra Ribas Filho.
Cuidado com o uso de vitaminas
A boa nutrição, no entanto, não deve ser confundida com a ingestão de suplementos e vitaminas sem prescrição médica. Facilmente encontradas em farmácias, esses produtos podem ser tornar grandes vilãos na terceira idade. De acordo com Moriguti, o excesso de alguns nutrientes pode fazer mal. Ele cita como exemplos as vitaminas A e E. Em excesso, a vitamina A aumenta o risco de hipertensão intracraniana. A vitamina E, em demasia, pode reduzir a imunidade. “Trabalhos mostram que a melhor vitamina é a que está no alimento. Suplementos só são necessários quando há deficiência de algum nutriente”, comenta.
A comercialização das vitaminas no Brasil não sofre fiscalização. Elas são vendidas como alimentos, diferente do que acontece nos EUA, onde o Food and Drugs Administration – FDA (órgão norte-americano responsável por regular medicamentos e alimentos), fiscaliza esse tipo de produto. Como não existe regulamentação e muitas embalagens prometem até retardo do envelhecimento, a procura aumenta.
Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o oitavo país com mais idosos no mundo. A população idosa no País já passa dos 17 milhões. É um mercado potencial, em expansão e a espera de novidades. Com esse cenário, os especialistas alertam: as vitaminas da forma como são propostas não retardam o envelhecimento. “Desde a mitologia se tenta prevenir o envelhecimento e ninguém conseguiu. Só quem morre não envelhece”, afirma Moriguti.
Preparo do alimento é importante
Na terceira idade, ocorre uma redução da sensibilidade para sentir aroma e até mesmo sentir a necessidade de comer. Outra mutação está relacionada à força. O idoso não tem mais a mesma mastigação de quando jovem e vai encontrar dificuldades para consumir determinados tipos de alimentos. Somam-se a isso, a falta de dentes, muito comum no Brasil, e o uso múltiplo de medicamentos, que influenciam na absorção dos nutrientes. “A dificuldade em mastigar faz com que haja uma absorção inadequada dos nutrientes”, explica Ribas Filho. Com isso, o preparo do alimento é fundamental.
Segundo Maria Aquimara, encarregada do Serviço de Nutrição e Dietética do Hospital das Clínicas de São Paulo (HCSP), o hospital conta com Grupo de Assistência Multidisciplinar ao Idoso Ambulatorial ( GAMIA). O grupo existe desde 1984 e dele participam pacientes do próprio HCSP. Eles recebem orientações sobre a consistência dos alimentos e quais são os mais importantes, entre outras informações. “Existe o hábito de, na terceira idade, mudar a alimentação para sopa. Com isso, as fontes de proteínas são deixadas de lado, gerando carência nutricional”, compartilha Maria.
SERVIÇO:
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – Regional São Paulo
Tels.: (11) 3106-1331/3107-6119/3101-9984
Na internet: www.sbgg-sp.com.br
Estilo de vida vai além da alimentação
Ter uma vida regulada e sem excessos faz bem para qualquer pessoa, independente da idade. As orientações vão muito além da boa alimentação. Os hábitos do dia a dia têm grande influência sobre a qualidade de vida. É um conjunto de fatores que vai determinar a saúde no futuro e o tipo de indivíduo que você é. Se o indivíduo é fumante está propenso a desenvolver doenças respiratórias e câncer de pulmão. O excesso de bebida alcoólica está ligado a problemas do fígado, por exemplo. Além disso, o sedentarismo é outro complicador. “É preciso praticar exercícios físicos. Eles vão reduzir a perda de massa magra e, em conseqüência, diminuir a incidência de síndrome da fragilidade, muito comum em idosos”, finaliza Moriguti. (V.C./AE)
A importância da alimentação na terceira idade
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