Política

Investigado, ex-deputado colaborou com obra da PF

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Um dos principais acusados de integrar o esquema investigado pela Operação Sanguessuga, o ex-deputado federal Ronivon Santiago (PP-AC) colaborou para a construção da garagem da sede da Superintendência da Polícia Federal em Brasília por meio de uma emenda parlamentar de sua autoria. Ronivon destinou R$ 229 mil para a obra.

A emenda foi apresentada em 2003 (a PF começou a Operação Sanguessuga em 2004) e incluída no Orçamento da União de 2004, quando já estava em atividade a quadrilha que desviou recursos por meio de emendas parlamentares.

De acordo com levantamento da ONG Contas Abertas, o deputado Amauri Gasques (PL-SP) também destinou R$ 100 mil para obras na PF de Brasília.

Há, no entanto, uma contradição entre a PF e Ronivon a respeito da idéia da apresentação da emenda.

O ex-deputado informou ao seu advogado, Paulo Goyaz da Silva, que atendeu um pedido feito em seu gabinete na Câmara pelo então superintendente da PF em Brasília, Euclides Rodrigues Filho, hoje chefe da PF em Natal (RN).

Em nota, a PF brasiliense nega a versão. Informou que o superintendente procurou “líderes partidários”, não Ronivon. A defesa do ex-deputado disse que houve uma visita ao gabinete na Câmara. “Ronivon me disse que o superintendente [da PF] esteve lá com ele, mostrou as necessidades da polícia e ele resolveu colaborar. A área da segurança é uma prioridade dele”, disse o advogado.

Ronivon foi preso pela PF de Cuiabá (MT) no início do mês junto com o ex-deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ) e o empresário Darci Vedoin, dono da empresa Planam, fornecedora de ambulâncias adquiridas por diversos municípios com recursos do Ministério da Saúde. Eles são acusados de organizar um esquema que desviava recursos de emendas parlamentares ao Orçamento da União para compra de ambulâncias superfaturadas.

Outros Estados

A prática de Ronivon de direcionar recursos do Orçamento para outros Estados que não sua base eleitoral fica clara pela análise da relação de suas emendas no ano de 2004.

Naquele ano, além da emenda para a PF brasiliense, o então deputado destinou recursos para municípios de Pernambuco e Mato Grosso.

Todas previam serviços e equipamentos custeados pelo Fundo Nacional de Saúde, maior foco da suposta fraude no Orçamento. De nove emendas, no valor total de R$ 2,5 milhões, duas foram para o Acre (R$ 1 milhão).

A Folha detectou em janeiro o destino incomum das emendas de Ronivon após pesquisa no Siafi, o sistema de acompanhamento de gastos do governo federal. Procurou Ronivon naquele mês, na liderança do PP na Câmara, em Brasília, e, por telefone, na regional do PP do Acre, mas não conseguiu localizá-lo. Ele perdeu o mandato por ordem da Justiça Eleitoral em dezembro último.

No pedido de prisão preventiva de Ronivon, o delegado da PF Tardelli Cerqueira Boaventura disse haver “indícios de que Ronivon teria apresentado diversas emendas direcionadas a determinadas prefeituras e entidades para a aquisição de ambulâncias e equipamentos médicos hospitalares, recebendo vantagem pecuniária”.

Fonte: Folha Online

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