Os quatro cavaleiros chegaram a tempo, pouco antes do apocalipse. Escolhidos para serem o coração e o pulmão do programa Ídolos, do SBT, Miranda, Arnaldo Saccomani, Cyz e Thomas Roth assumiram postos que um dia foram de Pedro de Lara, Wagner Montes, Aracy de Almeida e Sérgio Mallandro e fizeram o que nem Silvio Santos imaginava. Com análises técnicas de aspirantes a cantores, de uma precisão inédita, ajudam a trazer as melhores audiências à uma emissora perdida nas incertezas de seu dono.
À medida em que passam as semanas, o programa se confirma um acerto. Na próxima quarta-feira, os jurados começarão a fase da repescagem. Cada um escolherá dois nomes, que poderão se apresentar de novo. No final, o público decidirá quem será salvo para passar à próxima fase com outros nove cantores já selecionados. E o programa, a exemplo de seus irmãos American Idol ou Australian Idol, deve ir longe.
Sem rostos conhecidos de quem assiste TV, os jurados têm méritos por causarem um enorme efeito boca-a-boca que trouxe audiência logo na primeira fase. Sem piedade dos mais limitados, espinafravam roupas, vozes e cabelos. O resultado de suas atuações, ao lado da edição que mostrava eliminações emotivas, foi rápido. Aos domingos, o programa chegou a deixar Faustão para trás em 15 contra 14. Quando exibido no meio da semana, chegou a ter picos de 24.
As virtudes do quarteto são maiores que seus defeitos. Mesmo sem experiência com TV, falam com propriedade, não são repetitivos, criticam pontos fracos cruciais e não fazem graças tolas. Suas personalidades ajudaram o espírito de equipe: Miranda, o sisudo. Cyz, a meiga. Thomas Roth, o paizão. Saccomani, o mala. Todos com aura de inquisidores, mas nenhum com passado de santo.
Cyz é a pernambucana Cynthia Zamorano, neta de maestro e com sangue espanhol. Ao se deparar com o som do grupo eletrônico Kraftwerk, comprou uma bateria eletrônica para armar jam sessions com castanholas. Sem reconhecimento no Brasil, seguiu para a Europa e viveu na Espanha. Sem grande reconhecimento na Europa, voltou para o Brasil, onde se dá bem.
Saccomani é instrumentista, compositor e produtor. Teve banda de Beatles nos anos 60 e passou ainda pela jovem guarda e bossa-nova. Sua lista de composições vai longe, mas poucas de grande relevância. Entre seus parceiros estão Peninha (Perdoa), Ricardo Anthony (Tudo Passa) e Thais Nascimento (Tô Te Filmando).
Carlos Eduardo Miranda ficou conhecido como produtor de bom faro. Foi quem trabalhou no lançamento de grupos como o Skank e atuou por anos como diretor artístico de uma divisão de rock da gravadora Trama. Sua ironia e impetuosidade o fazem um personagem digno de ser aproveitado por Silvio Santos depois que ídolos terminar.
O carioca Thomas Roth é compositor, produtor e diretor de uma pequena gravadora, a Lua Discos. Soma algo como 150 músicas gravadas por artistas que vão de Emílio Santiago a Placa Luminosa. Sua representante de maior peso, no entanto, é Elis Regina, que gravou músicas de sua autoria como Quero e Como Nunca.
Dois candidatos merecem destaque a essa altura. Giovana Félix passa fácil por uma imitação de Kelly Key, com a mesma boina de ladinho que já foi moda entre as meninas do mundo pop. O apelo emocional é um grande ponto a seu favor. O segundo é Leandro, 22 anos, carioca, conhecido como Pica Pau. Mais que cantar bem, tem a estrela dos artistas. Aliás, cantar bem é um detalhe. De bons cantores o País está cheio. O que falta são ídolos.
Agência Estado
‘Ídolos’, do SBT, garante audiência sem apelação
À medida em que passam as semanas, o programa se confirma um acerto
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