Após receber a cúpula do PFL, que o procurou para abafar a crise gerada pelas críticas do governador Cláudio Lembo, o candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, minimizou as tensões entre as duas legendas e atacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Alckmin ironizou nesta segunda-feira os elogios de Lula a Lembo e afastou a possibilidade da existência de “fogo amigo” em sua campanha.
“Vou disputar a nona eleição. Se for dar ouvido para fofoca você não faz nada… Acho ótimo que o Lula elogie o Lembo, acho muito bom. Desta vez ele acertou porque ele passou esses meses todos elogiando os 40 ladrões”, disse Alckmin a jornalistas referindo-se aos participantes do escândalo do mensalão.
Na semana passada, em meio à maior crise de segurança de São Paulo, Lembo reclamou da falta de apoio de Alckmin, mas recebeu elogios por parte do presidente Lula. Vice de Alckmin, Lembo assumiu o Palácio dos Bandeirantes em março quando o tucano renunciou ao cargo para concorrer à Presidência.
“Falo com doutor Lembo praticamente diariamente, o que eu não faço é interferir no governo”, contou Alckmin, que no domingo esteve por cerca de 40 minutos com o governador para tratar dos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo.
O governador revelou na quinta-feira que seu antecessor lhe havia telefonado apenas duas vezes e o ex-prefeito José Serra, candidato ao governo paulista, nem o havia procurado. Serra também esteve com Lembo no domingo. Foi o primeiro encontro dos dois tucanos com o governador.
Alckmin, no entanto, não admitiu publicamente relações estremecidas entre as duas legendas. “Não em nenhum momento”, disse sobre uma crise. “Não há necessidade de ser superado porque não há nenhum problema (com PFL)”, completou.
Mas foi reticente sobre o abandono declarado por Lembo. “Mas não há problema de as pessoas falarem, isso não é… é natural isso, nenhum problema”, tentou explicar.
A gravidade da situação criada por Lembo, e da própria crise de segurança de São Paulo, pode ser medida pelo número de caciques pefelistas que estiveram com Alckmin. Antes, todos conversaram com Lembo na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes.
Participaram dos encontros o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), o senador José Jorge (PE), vice na chapa de Alckmin, os senadores Marco Maciel (PE) e Heráclito Fortes (PI), o líder do partido na Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o presidente da Assembléia Legislativa paulista, Rodrigo Garcia, e o deputado federal Vilmar Rocha (GO), presidente do Instituto Tancredo Neves.
O motivo formal da reunião da cúpula pefelista com Alckmin foi a comemoração da escolha do senador José Jorge, na semana passada, para ser vice na chapa.
“Não havia arestas a aparar, a coligação é natural. No Congresso já fazemos oposição ao governo Lula”, disse Jorge.
Para um parlamentar pefelista presente ao encontro, as disputas são comuns em época de eleição, mesmo vindas de dentro de partidos coligados. Para ele, a aliança entre PFL e PSDB é “orgânica” e Alckmin é o candidato certo, por ter tendência liberal mais marcante do que a opção José Serra. “Tem mais a ver com a gente”, comentou.
FALTOU
Um tucano presente ao evento comentou que faltou a presença do presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), que na semana passada teceu comentários negativos sobre a candidatura Alckmin. Políticos dos dois partidos cobram mais agressividade de Alckmin, principalmente em relação ao presidente Lula.
O senador Sergio Guerra (PE), coordenador-geral da campanha de Alckmin e também presente ao QG, disse que o caráter mais ofensivo das declarações de Alckmin virá com o tempo, principalmente com os programas de TV, que têm início em agosto.
Alckmin disse que o tema da segurança estará presente em seu programa de governo e que vai propor legislação mais rigorosa contra o crime organizado e investirá no policiamento da fronteira. Criticou ainda a falta de investimento do governo federal na área.
Reuters
Missão do PFL vai a Alckmin para contornar “efeito Lembo”
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