O dólar avançou 3,71% nesta segunda-feira, o maior ganho diário em três anos, e fechou a R$ 2,29 na venda, refletindo o movimento global de aversão a risco por preocupações com os juros norte-americanos.
Na máxima do dia, a divisa subiu 4,94% e alcançou R$ 2,317, superando os R$ 2,30 pela primeira vez desde janeiro deste ano.
A partir da última reunião do Federal Reserve (Fed), em que o banco central norte-americano deixou em aberto a opção de elevar mais os juros para lidar com riscos inflacionários, o dólar assumiu uma trajetória de alta, acumulando avanço de 11,11% desde o último dia 11.
O receio de que os juros nos Estados Unidos subam mais para conter as pressões inflacionárias no país tem abatido os mercados globais nos últimos dias.
Somada a isso, a expectativa por novas medidas cambiais do governo, depois de declarações recentes do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ajudou a reforçar o avanço do dólar nesta segunda-feira.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) também sofreu os efeitos do nervosismo e fechou nesta segunda-feira em queda de 3,28%, para 36.496 pontos. Durante o dia, a Bolsa despencou mais de 5%.
As ações que mais registraram alta no Ibovespa foram as ordinárias da Contax (+2,43%), seguidas pelas preferenciais da fábrica de celulose Klabin (+1,59%).
As principais baixas foram indicadas pelas ordinárias da operadora de telefonia Telemar (-8,78%) e da Eletrobras (-8,61%).
O temor do mercado é que haja um desaquecimento da economia mundial. Também há risco de alta da inflação nos EUA e aumento dos juros naquele país (atualmente estão em 5% ao ano).
Isso faz os investidores abandonarem aplicações com mais risco, como ações, para se refugiar, por exemplo, nos treasuries (títulos do tesouro norte-americano), cujos rendimentos caem para 5%. Esse movimento atinge com mais força os mercados emergentes, como o brasileiro.
O efeito desse nervosismo, que já vem há alguns dias, foi grande sobre o Brasil: o risco-país disparou, com alta de 24% em apenas 12 pregões.
No entanto, os investidores estrangeiros estão abandonando os mercados de risco dos países emergentes em todo o mundo, não só no Brasil.
Em momentos tranqüilos, os aplicadores investem seu dinheiro em mercados mais arriscados, mas que remuneram menor, com taxas de juros altas, como é o caso do Brasil.
Num momento de preocupação, existe a chamada aversão ao risco. Em vez de ganhar mais dinheiro, os investidores preferem segurança. Então, reduzem suas participações nos mercados mais instáveis e buscam papéis mais seguros, como os títulos americanos. Quando a busca por esses papéis é muito grande, o ganho também cai.
Na sexta-feira retrasada, os títulos americanos de dez anos de vencimento estavam pagando 5,19%. Na sexta-feira passada, já haviam caído para 5,05%, o que mostra aumento de procura por eles.
Segundo analistas, o mercado não tem confiança na resposta que o Fed, sob nova direção, terá de dar ao desafio erguido por pressões inflacionárias fortes. Além disso, há sinais de desaceleração econômica dos EUA num ambiente de aperto monetário global.
Por isso nada indica que nesta semana poderá haver uma reversão consistente no movimento de saída de investidores internacionais dos mercados emergentes.
No dia 31 deste mês, sai a ata da última reunião do Fed, na qual se elevou os juros em 0,25 ponto percentual. O documento conterá análse da situação. Até lá, o mercado deve continuar preocupado.
(Com informações de Folha Online, EFE, Reuters e Valor Online)
Dólar fecha em R$ 2,29, alta de 3,71%, a maior em 3 anos; Bolsa cai 3,
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