A conclusão é de um estudo da Organização Mundial de Saúde publicado nesta terça-feira na revista médica The Lancet. Segundo os dados coletados, as mortes pós-parto subiram em até 20% com o aumento do número de cesarianas.
O estudo selecionou aleatoriamente 120 hospitais públicos e privados em oito países: Argentina, Brasil, Cuba, Equador, México, Nicarágua, Paraguai e Peru. Um terço dos 97 mil partos analisados durante o período do estudo foi realizado por cesariana.
O estudo concluiu que os hospitais com o maior número de partos realizados por meio de cesarianas eram os que apresentavam maiores taxas de doenças maternas, mortes e uso de antibióticos após a gravidez.
Brasil
No trabalho feito pela OMS, foram observados 15 hospitais públicos e 4 privados no Brasil. Nesses hospitais, foi observado um volume de cesarianas próximo da média da região, de 33%. Os hospitais privados tiveram uma média pouco maior do que os públicos.
Ainda segundo o estudo, em países como México e Equador essa taxa foi muito maior. No México, por exemplo, nos dois hospitais privados observados as cesarianas chegam a 80% dos partos realizados.
No Brasil como um todo, segundo números oficiais (os mais recentes são de 2004) a taxa de cesarianas está em 34,5% dos 2,5 milhões de partos realizados.
No mesmo ano, em média, 71,5% dos partos na rede particular foram cesárias.
A cesariana é uma cirurgia em que uma incisão é feita no útero para a retirada do bebê e é recomendada em casos de dificuldades no parto normal, quando o bebê está sofrendo ou se a mãe está doente ou tem pressão alta.
Segundo Heloísa Lessa, Secretária-Executiva da ONG Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento, nos grandes centros brasileiros há hospitais em que “até 99% dos partos são feitos através da cesariana”.
Lessa acrescenta que as brasileiras urbanas correm sete vezes mais risco de morrerem no parto do que as que vivem no meio rural.
Segundo ele, já há no país iniciativas como o Pacto Nacional Para Redução da Mortalidade Materna, patrocinada pelo Ministério da Saúde, que reduziu o pagamento de cesárias para hospitais. Se mais de 40% dos partos forem cesarianas, os hospitais deixam de ganhar adicionais.
O ministério também promove o Programa de Humanização no parto e as perspectivas é de que os números venham a baixar.
América Latina
Em toda a América Latina, 2 milhões de crianças estão nascendo de cesáreas a cada ano, a um custo extra de US$ 350 (cerca de R$ 700) cada.
O dinheiro que, segundo o estudo “poderia ser usado para melhorar outras áreas do tratamento das mães e dos bebês e pagar pesquisas necessárias”.
O motivo para um volume alto de cesarianas vai desde pressões sociais à percepção da segurança da cirurgia.
Os dados da OMS, no entanto, contradizem a idéia de que a cesariana, quando feita de forma desnecessária, é tão segura quanto o parto normal.
Para o chefe da equipe que realizou o estudo, o médico Jose Villar, “as maiores taxas de nascimento por cesariana não necessariamente indicam boa qualidade de serviços ou de tratamento”.
Fonte: BBC Brasil
Cesariana ‘aumenta risco de morte pós-parto na AL’
O grande número de cesarianas realizadas na América Latina aumenta o risco de mortes e complicações pós-parto para as mães e bebês
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