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Irmãos Muçulmanos dizem que repressão não mudará metas

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O chefe dos Irmãos Muçulmanos egípcios, Mohammed Mehdi Akef, assegurou hoje que continuará exigindo reformas políticas, apesar da recente campanha de detenções contra sua organização e as demais forças de oposição.

Em entrevista coletiva concedida na sede central da organização no Cairo, Akef garantiu que o Egito chegou “a um ponto de desvio quanto às promessas (do regime) sobre as reformas”. Os Irmãos Muçulmanos são uma organização banida, mas tolerada, e conseguiram eleger nas últimas eleições 88 deputados, que se candidataram como independentes, tornando-se a segunda força parlamentar egípcia.

O dirigente da Irmandade deu como exemplos a decisão do Governo de adiar as eleições locais e de prorrogar a lei de emergência, o processo aberto contra dois juízes que denunciaram as eleições gerais e “a fraude nas eleições estudantis e o bloqueio imposto aos sindicatos profissionais”.

“A desproporcionada brutalidade, a extrema violência e as detenções feitas pelo Governo, que havia prometido reformas, demonstra que ele perdeu sua confiança e sua legitimidade”, disse Akef.

Além disso, o líder ressaltou que esta política reflete “a intensificação da ditadura e a proteção da corrupção” e que os Irmãos Muçulmanos são a parte da sociedade que mais sofre com a repressão.

O último confronto entre o regime e a oposição surgiu após a decisão de um tribunal disciplinar de julgar os juízes Mohammed Makki e Hisham al-Bastauisi por dizerem publicamente que o Governo havia fraudado as eleições. As declarações foram consideradas uma transgressão de suas atribuições.

Embora, após várias sessões, o tribunal não tenha condenado os magistrados, centenas de pessoas foram detidas em várias manifestações realizadas em solidariedade aos juízes. Os participantes foram dispersados pela Polícia, que usou de uma agressividade extrema.

A associação dos Irmãos Muçulmanos, ilegalizada por Gamal Abdel Nasser em 1954, é atualmente semitolerada pelo regime do presidente Hosni Mubarak que, embora não lhes permita criar um partido político, autorizou sua apresentação nas eleições gerais como independentes e a abertura de uma modesta sede no bairro popular de Manial, na capital egípcia.


EFE

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