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Acidente em Sousa: Delegado admite indiciar motorista por homicídio do

No depoimento, Joceano Tavares teria deixado transparecer que poderia evitar a manobra que causou o acidente

O delegado Sílvio Dardasson Filho, que está investigando o acidente que deixou 13 mortos na cidade de Sousa, admite indiciar o motorista do ônibus, Joceano Tavares, por homicídio doloso. Caso isso aconteça, o motorista responderá por assassinato intencional, praticado contra 13 pessoas, que pode culminar na pena máxima de prisão, prevista na legislação brasileira. Uma testemunha ocular do acidente, que está sendo ouvida nesse momento pelo delegado pode ser o primeiro recurso para desvendar o caso.

Joceano Tavares prestou depoimento ontem na delegacia de Sousa e, de acordo com a autoridade policial, deixou transparecer ter visto a possibilidade de o acidente acontecer, antes de desviar da carroça, e mesmo assim prosseguiu com a manobra. Ele dirigia o ônibus da prefeitura de Vierópolis, conduzindo estudantes. A cerca de dois quilômetros de Souza, viu uma carroça na pista e puxou o veículo para a contramão. No sentido contrário vinha um caminhão, no qual o ônibus bateu e matou 13 estudantes que estavam na carroceria.

Segundo o delegado Sílvio, a constatação imediata é de que a manobra do ônibus provocou o acidente. Porém, o que está em questão agora é a seguinte dúvida: o motorista do ônibus tinha não tinha escolha a não ser bater no caminhão ou na carroça, ou teria ele uma terceira alternativa que evitasse essas possibilidades? Se ele não tinha escolha, pode responder por homicídio culposo, cometido sem intenção. Caso contrário, poderá ser indiciado por homicídio doloso, cometido de forma consciente.

Depoimento incriminador

E o aguardado depoimento de Joceano parece incriminá-lo na segunda opção. Segundo o delegado Sílvio, com uma tranqüilidade que sugeria indiferença à tragédia, o motorista simplesmente disse que fugiu do local do acidente porque foi procurar seus direitos. Se apresentou dois dias depois, acompanhado de um advogado e deu informações contraditórias com as evidências, em seu depoimento ao delegado.

O motorista começou dizendo que estava a uma velocidade de 60 Km/h. Disse também que, antes da manobra, viu um veículo vindo em sua direção com os faróis altos. Apesar dessas duas situações, confessou não ter reduzido a velocidade, o que, segundo o delegado, seria a decisão no mínimo prudente a ser tomada por Joceano, já que estava trafegando à noite e em uma pista de única faixa.

Ao ser perguntado sobre a manobra que provocou o acidente, Joceano alegou que a carroça carregada de madeira estava no meio da pista. Mas o delegado já tem informações que comprovam diferente. A carroça estava mesmo na margem direita da pista. Além disso, o pouco espaço existente na pista impossibilita a forma como aconteceu o acidente, caso a carroça estivesse no meio da rodovia. Segundo o delegado Sílvio, se isso fosse verdade não tinha como a colisão não ser frontal entre os dois veículos.

Para Sílvio, o fato de o ônibus ter batido na lateral do caminhão mostra que havia muito espaço entre a carroça e a contramão. Para retirar essas dúvidas, o delegado disse que vai solicitar uma nova medição dos três veículos e do local onde aconteceu o acidente. Até o momento, sou fortes os indícios de que o motorista poderia ter evitado o acidente.

Ao final do depoimento, de acordo com relatos dos policiais que estavam na delegacia, Joceano Tavares saiu sorrindo ao final do depoimento. Durante todo o tempo em que passou na unidade, ele não demonstrou qualquer abatimento com o fato, conseguindo inclusive direcionar as informações que prestou ao delegado, de forma a inocentá-lo.

Testemunha ocular

Mas antes mesmo que sejam feitas as medições, o delegado já tem elementos que podem ajudar a tirar essa dúvida. Uma testemunha ocular do acidente se apresentou na manhã dessa sexta-feira para prestar depoimento. Um fazendeiro que tem uma propriedade próxima ao local do acidente disse que estava saindo de sua propriedade e parou perto da pista. A testemunha contou que viu toda a cena e está sendo ouvida nesse momento pelo delegado.

Ainda durante o dia, o delegado Sílvio irá ouvir três estudantes que sobreviveram à tragédia. Segundo ele, esses quatro depoimentos irão proporcionar um grande avanço no caso, já que trata-se de pessoas que estavam presentes de uma forma ou de outra na cena. “Vamos esgotar todas as possibilidades para esclarecer detalhadamente o caso”, comentou.

Redação ClickPB

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