Uma comissão independente investigará a participação de órgãos policiais em supostas execuções de dezenas de inocentes, na reação aos ataques do crime organizado em São Paulo, informaram hoje fontes judiciais. A comissão, formada por doze organizações – entre elas o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e grupos de defesa dos direitos humanos -, tentará esclarecer se a Polícia cometeu abusos em sua resposta aos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC), que deixaram ao menos 133 mortos.
Os investigadores ficarão encarregados de 24 a 34 casos de pessoas mortas com tiros na cabeça em Guarulhos, que estão entre as vítimas da guerra urbana travada por uma semana entre a Polícia e o PCC. “As autoridades negaram abusos de autoridade, e a Polícia afirmou que suas forças agiram em legítima defesa e em cumprimento do dever, mas entendemos que não foi estritamente assim, por isso desconfiamos”, disse o advogado Francisco Lúcio França, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB de São Paulo.
A onda de violência gerada pelo PCC começou em 12 de maio e durou uma semana, com saldo de pelo menos 133 mortos, entre eles 41 policiais, quatro civis e 79 supostos criminosos, além de nove detentos, segundo dados oficiais.
Organizações de defesa dos direitos humanos advertiram que, após os ataques do PCC contra a Polícia – em represália pelo isolamento de seus líderes em penitenciárias de segurança máxima -, os agentes da ordem começaram uma vingança em bairros da periferia de São Paulo.
França disse que não foi possível estabelecer o número exato de pessoas que teriam sido executadas pela Polícia, porque as autoridades não divulgaram a lista total de vítimas e os respectivos laudos médicos, apesar de ontem ter terminado o prazo de 72 horas fixado pelo Ministério Público para publicar esses dados. “Não tivemos acesso à lista e aos laudos. Provavelmente a comissão pedirá os laudos e os boletins policiais que não foram entregues ao Ministério Público”, disse.
A comissão se reunirá hoje para definir o plano de trabalho e, se for comprovado que realmente houve execuções sumárias, processará o estado de São Paulo para indenizar os parentes das vítimas.
EFE
Comissão independente investigará abusos em SP
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