Novos materiais, capazes de alterar a curvatura da luz e de outras formas de radiação em torno de um objeto, podem levar à criação de coisas invisíveis, disseram pesquisadores na quinta-feira.
Duas equipes diferentes apresentaram teorias sobre formas de usar “metamateriais” experimentais para cobrir um objeto e escondê-lo da luz visível, dos raios infravermelhos, de microondas e talvez até de sinais de sonares.
Esses trabalhos sugerem que idéias até agora só presentes na ficção científica, como as coberturas para tornar naves invisíveis em “Jornada nas Estrelas,” podem ser plenamente possíveis.
Já o manto de Harry Potter ou personagens como O Homem Invisível podem ser mais difíceis de reproduzir, porque a invisibilidade exige uma grossa camada de metamateriais.
O conceito começa com a refração — uma qualidade da luz, na qual ondas eletromagnéticas adotam as rotas mais rápidas, mas não necessariamente mais curtas. Isso provoca, por exemplo, a ilusão de que um lápis mergulhado num copo d”água está quebrado.
“Imagine uma situação na qual um meio guie a luz para um buraco nela”, disse o físico Ulf Leonhardt, da Universidade de Saint Andrews, na Grã-Bretanha, em um dos estudos publicados na sexta-feira pela revista Science.
Nessa hipótese, os raios de luz iriam parar atrás do objeto como se tivessem viajado em linha reta.
“Qualquer objeto colocado no buraco seria escondido da luz. O meio criaria a máxima ilusão óptica: a invisibilidade”, escreveu Leonhardt.
“Esses dispositivos podem ser possíveis. O método desenvolvido aqui também pode ser aplicado para escapar à detecção por outras ondas eletromagnéticas e sonoras.”
A teoria é diferente da usada nos bombardeiros “invisíveis”, por exemplo, cuja superfície engana radares.
Segundo David Schurig, da Universidade Duke (Carolina do Norte, EUA), que trabalhou no outro estudo, um objeto que estivesse envolto por uma cápsula de metamateriais criaria uma ilusão semelhante a uma miragem.
Metamateriais são estruturas compostas que deliberadamente não se parecem com nada da natureza. Eles são projetados para terem propriedades únicas, como a capacidade de “dobrar” a luz de determinado jeito.
Como tudo na física, a idéia de invisibilidade requer um pouco de imaginação. “Pense no espaço como um tecido”, disse Shurig por telefone. “Imagine fazer um furo no tecido inserindo um objeto pontiagudo entre a trama, mas sem rasgá-lo.”
Nessa comparação, a luz, as microondas ou os sinais de radares viajariam através da trama do tecido, chegando ao outro lado sem tocá-lo. “É só ter o conjunto correto de materiais para guiar a luz”, disse Shurig.
O laboratório da Duke começou a trabalhar com metamateriais com uma verba da Agência de Projetos Avançados de Pesquisa do Departamento de Defesa. Esses materiais, supõem os militares, poderão ser usados em aviões, carros e lentes especiais.
Trabalhando com John Pendry, do Imperial College de Londres, Shurig e David Smith, em Duke, tiveram a idéia de usar esses materiais para curvar a luz e outras radiações eletromagnéticas.
“Tentaremos fazer uma demonstração experimental desses efeitos. Há alguns passos a trilhar ainda. Estamos trabalhando nesses passos”, disse Smith por telefone.
Segundo Shurig, eventuais usuários das capas de invisibilidade teriam de escolher o tipo de radiação da qual se ocultarem. Além disso, a invisibilidade funciona com mão dupla: uma pessoa escondida do espectro de luz visível teria de usar o infravermelho, sonar ou microondas para enxergar fora dali.
Reuters
Ao menos na teoria, é possível ser invisível
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