O estabelecimento de laços com universidades e outras instituições nacionais e internacionais, já nos primeiros anos de funcionamento da Universidade Federal do Ceará (UFC), contribuiu para que, muito rapidamente, a UFC se lançasse às atividades de pesquisa científica. Contribuiu para tanto o envio de professores, em grande número, aos Estados Unidos e Europa, de onde retornaram não apenas com a titulação de pós-graduados, mas com importantes e variados projetos de pesquisa, que logo passaram a desenvolver em nosso campus, aprofundando os estudos em diferentes áreas do conhecimento.
Conduzida pelas mãos seguras e a visão de futuro de Antônio Martins Filho, a universidade cearense dava seus primeiros passos para se constituir em uma verdadeira Academia, trabalhando de forma indissociada o ensino, a pesquisa e a extensão. São palavras do doutor Martins, em suas Memórias: “Ainda em 1958, outras iniciativas mereceram minha atenção, notadamente a criação e instalação de novas unidades de pesquisa, que deveriam marchar associadas ao ensino, sem prejuízo para os programas de extensão, intrinsecamente vinculados à nossa política de educação para o desenvolvimento”.
Educar para o desenvolvimento requer, de fato, aprofundar a investigação naquelas áreas capazes de dar uma resposta a demandas precisas da sociedade, sem descuidar da pesquisa de interesse puramente científico, que explora as bases mais profundas do conhecimento. É com essa determinação que a atividade se desenvolve na UFC, sob a orientação geral da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação.
São nada menos de 280 grupos ativos de pesquisa, ligados a programas de Pós-Graduação, que endossam a maior parte da produção científica da Universidade que mais investe na ciência em nosso Estado. O plano de ação para essa área inclui núcleos temáticos reunindo os novos grupos emergentes e as competências já instaladas, como estratégia para atender às necessidades regionais. Para se avaliar a dimensão desse trabalho, basta examinar alguns indicadores: os pesquisadores da UFC somam, atualmente, nada menos de 1.625 artigos em periódicos, 310 livros ou capítulos publicados e 3.992 comunicações em congressos nacionais e internacionais.
A atividade recebe o incentivo de um dos mais amplos e diversificados programas de pós-graduação da universidade pública brasileira e que, no presente, inclui 54 cursos de especialização, 44 de mestrado e 18 de doutorado, todos aprovados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e, em sua maioria, com ótimos conceitos. Ultimamente tais programas vêm produzindo uma média anual superior a 800 monografias, 470 dissertações e 160 teses, o que representa contribuição extraordinária para a construção do saber, base do crescimento sócio-econômico sustentável e includente que todos almejamos para o Ceará e o Nordeste.
Recentemente, o Conselho Universitário aprovou os projetos de implantação de mais cinco cursos de pós-graduação. Três deles são de doutorado (Engenharia Elétrica, Engenharia e Ciência de Materiais e Engenharia de Pesca), e os outros dois, de mestrado (Engenharia de Produção e Engenharia Mecânica). Ao optar pelo crescimento, a UFC insiste em avançar de forma criteriosa, sem açodamento, a fim de não comprometer o nosso compromisso maior, que é com a excelência. Com esse movimento de expansão, a UFC procura, enfim, atender à demanda por profissionais de alto nível, capazes de colaborar para a inserção do nosso Estado e da Região em um mundo cada vez mais dependente do conhecimento técnico e científico.
RENÉ BARREIRA é reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), de onde também é professor ligado ao Departamento de Ciências Sociais do Centro de Humanidades, e é mestre em Sociologia. [O Povo]
A UFC e a produção do conhecimento no Ceará
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