Política

Lula prevê acordo agrícola com europeus até julho

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O acordo que o Brasil vem tentando fazer com a União Européia (UE) para conseguir maior abertura no comércio agrícola com os europeus deve sair até julho, disse nesta segunda-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O que nós queremos é fazer um acordo em que cada um faça uma pequena concessão”, disse o presidente em seu programa semanal de rádio “Café com o presidente”. “A coisa está mal parada. Se não houver um acordo, eu acho que haverá um retrocesso muito grande. Os países pobres continuarão ficando mais pobres.”

Lula disse que a União Européia tem que flexibilizar no acesso ao mercado agrícola para os países em desenvolvimento e para os países mais pobres e citou também a necessidade dos EUA reduzirem a quantidade de subsídios que concedem a seus produtores agrícolas.

Para o presidente, a maior abertura por parte dos países do G20 [grupo de 20 países em desenvolvimento] no setor de serviços e bens industriais tem que formar um “triângulo de compromisso” –ou seja, “a Europa tem que abrir acesso ao mercado agrícola, os EUA têm que diminuir os subsídios e nós temos que permitir acesso a bens industriais e serviços”.

“O Brasil está disposto a fazer a sua [parte], está disposto a conversar com o G20 para fazer a sua parte; a Europa tem que fazer a sua parte e os EUA têm que fazer a sua parte”, acrescentou.

Lula afirmou que chegou a hora de negociações políticas para obter o acordo que ministros e áreas técnicas dos envolvidos na negociação não conseguiram obter. “Agora é a hora da decisão política. E a decisão política toma quem tem mandato para tomar, que somos nós, os presidentes da República dos países, os primeiros-ministros.”

Para o presidente, a falta de um acordo significaria um “retrocesso muito grande”, com prejuízos principalmente para os países mais pobres. “Quando eu falo isso, eu não estou reivindicando só ganhos para o Brasil, porque o Brasil já tem uma agricultura competitiva (…) Eu falo muito mais pelos países mais pobres. Por exemplo, tem países da África que só têm o algodão para exportar. Se os EUA ficam dando subsídio para o algodão, essa pessoa não vai conseguir exportar o seu algodão. Então, é olhando para o mais pobre que nós temos que fazer negócio.”

Negociação travada

As negociações da Rodada Doha –lançadas em 2001 em Doha, capital do Qatar– entraram em colapso em 2003, após a reunião de Cancún (México). Em dezembro do ano passado houve outra reunião ministerial, desta vez em Hong Kong, que encerrou com o compromisso de, até o dia 30 de abril deste ano, chegar a uma proposta.

Na reunião encerrada no início de abril no Rio de Janeiro, no entanto, também não houve sinais de que cumprir a meta. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse à época que o acordo estava muito longe. “Não houve nenhuma mudança em nada. É pouco interessante, mas é isso”, disse então o ministro.

No início deste mês, o diretor-geral da OMC (Organização Mundial de Comércio), Pascal Lamy, pediu mais determinação aos países envolvidos nas negociações para chegar a um acordo sobre a agenda de Doha. O novo prazo para chegar a uma proposta de acordo agora é 31 de julho.

Fonte: Folha Online

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