A polícia fará na próxima terça-feira a reconstituição do acidente que matou 13 estudantes, na cidade de Souza, ocorrido no último dia 23. Segundo o delegado Sílvio Dardasson, que está investigando o caso, esse procedimento será necessário para que se chegue às provas técnicas sobre as circunstâncias em que aconteceu a tragédia.
Para a realização da reconstituição, uma equipe do Instituto de Polícia Científica (IPC) será enviada de João Pessoa para o local exato do acidente. Entre as dúvidas que o delegado quer tirar durante o procedimento, está uma questão sobre a atitude do condutor do ônibus. Até agora, as investigações apontam que Joceano Tavares teria outras opções à manobra que fez, provocando a colisão.
Se for confirmada a suspeita de que Joceano poderia e não evitou o acidente, ele será indiciado por homicídio doloso. Trata-se de um tipo de crime praticado quando o autor pode evitar e não o faz. Essa suspeita surgiu a partir do depoimento prestado por Joceano, após se apresentar na delegacia, dois dias após o crime. Durante o interrogatório com o delegado, ele teria prestado informações contraditórias com as provas encontradas no local do acidente.
Além disso, Joceano teria demonstrado imperícia ao volante, na manobra que causou a tragédia. Ele disse ao delegado que vinha a uma velocidade de 60 Km/h e viu um carro que vinha com luz alta no sentido contrário. Mesmo assim, confessou não ter reduzido a velocidade e ter puxado o ônibus para a contramão, ao se deparar com uma carroça, que disse estar no meio da pista. Sendo que, de acordo com a polícia, essa carroça trafegava pelo acostamento.
Essas e outras questões, que dizem respeito às provas materiais sobre o acidente, deverão ser esclarecidas com a reconstituição. As informações coletadas no local do acidente serão analisadas pelos peritos do IPC, que enviarão ao delegado um relatório com o parecer técnico do que foi constatado.
Abaixo assinado
Além das suspeitas que surgiram sobre a responsabilidade de Joceano no acidente, o delegado tem recebido informações que o incriminam ainda mais. Enquanto coletava depoimentos de testemunhas, Sílvio Dardasson foi informado de que, semanas antes do acidente, 500 moradores de Vierópolis teriam feito um abaixo-assinado e entregue à prefeitura, pedindo que Joceano fosse retirado da função de motorista do transporte escolar.
De acordo com as informações repassadas ao delegado, esse manifesto seria fruto de uma grande insatisfação dos moradores da cidade, que faziam uso do ônibus dirigido por Joceano, com o comportamento dele ao volante. Mas até agora esse documento não chegou ao delegado, para comprovar a denúncia. Caso isso aconteça, algumas das pessoas que assinaram o suposto documento deverão ser ouvidas, para falar sobre os motivos do manifesto.
