O lançamento da nova geração do Honda Civic e do Peugeot 307 reestilizado, ambos em maio, trouxe novo ânimo para o consumidor brasileiro. Os carros contam com estilo e tecnologia que seguem as diretrizes de seus equivalentes na Europa. Há cerca de três anos, a decisão de não produzir por aqui veículos em dia com os mercados europeu e norte-americano parecia uma tendência. No Salão do Automóvel de 2004, a Audi anunciou que, em 2006, o A3 nacional sairá de linha – a nova geração passa a vir da Alemanha no segundo semestre.
Naquele evento, a Volkswagen descartava a produção local do Golf com a mesma plataforma usada no Velho Continente. A mesma situação se deu com o Chevrolet Astra e o Ford Focus, que já contam com novas gerações nos chamados países desenvolvidos. Mas, no final do ano passado, com o lançamento do Fiat Idea, esse panorama deu os primeiros sinais de que poderia mudar. Nos bastidores da indústria, dizia-se que o carro teria o mesmo nome do europeu, mas seria fabricado sobre a plataforma do Palio.
Quando chegou ao mercado, em outubro, a Fiat anunciou que o Idea tem nova arquitetura. O estilo é também semelhante ao do carro europeu, com pequenas modificações na dianteira. Os motores, todavia, são os mesmos – e antigos – já utilizados na linha Palio. Ao mesmo tempo em que a montadora italiana lançava a minivan, a Chevrolet realizava o processo inverso, iniciando as vendas do Vectra. O sedã é um projeto 100% nacional, com estilo exclusivo, motores antigos e arquitetura do Astra. Nada que se pareça com o carro vendido na Europa. Segundo a GM, o desenvolvimento de veículos com estilo e engenharia locais é sua nova aposta para o mercado brasileiro.
No início de 2006, chegou ao Brasil o esperado Renault Mégane. A montadora quase conseguiu produzir aqui um carro como o europeu. Mas, poucos meses antes de seu lançamento, a matriz efetuou mudanças estéticas leves no modelo vendido por lá. Ainda assim, ele conta com plataforma em dia com o Velho Continente. Quando falamos em modelos que seguem o padrão da Europa, nos referimos à arquitetura e estilo, pois na maioria das vezes nossos veículos contam com mecânica diferente e menos inovações tecnológicas.
E é nesse ponto que a Honda e a Peugeot se sobressaíram. Vamos primeiro ao caso da montadora japonesa: a oitava geração do Civic, produzida em Sumaré (SP), está totalmente conectada ao sedã lançado nos Estados Unidos no ano passado. E não só no estilo, que é praticamente igual. A mecânica, incluindo o novo e moderno motor 1.8, segue as diretrizes das terras do Tio Sam. Além disso, desde o início do ano a Honda passou a vender aqui o Fit reestilizado. As vendas do carro nos Estados Unidos só começaram em meados de maio.
O caso da Peugeot é diferente: a marca lançou, no início do mês, o 307 com nova frente e interior atualizado. O carro recebeu reestilização no ano passado na Europa. Agora, a versão produzida na fábrica da Argentina ganhou o mesmo tratamento. Além disso, a montadora disponibiliza o motor 2.0 usado no modelo francês. A plataforma do carro europeu, todavia, já era usada no modelo produzido na Argentina antes da reestilização. Por outro lado, a Peugeot afirma que manterá, por tempo indeterminado, o 206 no mercado nacional. O veículo é fabricado em Porto Real (RJ).
Na Europa, o compacto ainda existe, mas convive com seu “substituto”, o 207, maior e mais moderno. Embora a Peugeot não confirme, agências européias dão como certa a informação de que o 206 será descontinuado no ano que vem. Lá no Velho Continente. Por aqui, ele continua igual, e a montadora francesa nem sequer cogita – pelo menos oficialmente – a idéia de produzir o 207 no Brasil.
COM OS DIAS CONTADOS
Fora os lançamentos dos últimos seis meses, alguns modelos já produzidos aqui ainda continuam conectados com a Europa. Um desses casos é o do hatchback médio Fiat Stilo. Em um segmento de estilo e plataforma defasados, no qual os concorrentes são Volkswagen Golf, Chevrolet Astra e Ford Focus, o carro ainda consegue ficar ao lado do 307. Mas, no ano que vem, vai perder seu posto: haverá um substituto para o Stilo no mercado europeu, e a montadora nem sabe se vai manter para ele o mesmo nome.
Por aqui, o que pode acontecer é a substituição do carro pelo Grande Punto, a partir do ano que vem. O Ford Fiesta também tinha desenho externo igual ao da Europa.
Mas, no final do ano passado, a Ford européia efetuou facelift no hatch compacto. Outro que perderá sua conexão com os europeus é o Chevrolet Corsa; no Salão de Paris (França), em setembro, a GM mostra a nova geração do carro. Mas, aqui no Brasil, ele não deverá passar por mudanças nos próximos anos.
Na turma das picapes, a Toyota Hilux produzida na Argentina – e vendida aqui – é a mesma que a comercializada na Europa – e fabricada na Tailândia. A Citroën também conta com dois modelos em dia com os europeus: C3 e Xsara Picasso. Este último, porém, ganhará nova geração no Velho Continente dentro de, no máximo, dois anos.
DEFASADOS
Quando foi lançado no Brasil, em 1999, o Golf era considerado um modelo moderno e com inovações tecnológicas. Seu estilo e sua plataforma eram os mesmos do modelo europeu.
Hoje, sete anos mais tarde, o carro é visto como desatualizado. Embora ainda desejado pelo público jovem, não impressiona mais, e perde mercado ano a ano. O Ford Focus, embora nunca tenha conquistado o sucesso do VW, é outro caso de modelo defasado.
A versão comercializada no Brasil é produzida na Argentina desde 2000. Na Europa, o carro ganhou nova geração em 2004, enquanto nos Estados Unidos ele recebeu facelift, mantendo a plataforma do modelo argentino. O Chevrolet Astra ainda é o carro mais vendido entre os sedãs médios, mas já mudou no Velho Continente. A versão nacional não deverá contar com as mesmas alterações, mas com um pequeno facelift, o que é esperado para o início de 2007, ou talvez ainda para o encerramento deste ano.
O Renault Clio também perdeu sua conexão com a Europa, já que no ano passado foi lançada por lá a terceira geração do carro. Quase na mesma época, ele recebeu, no Brasil, uma reestilização leve, que o deixou muito distante do carro europeu, maior e com linhas mais contemporâneas. Mas a segunda geração ainda é comercializada no Velho Continente, convivendo com o novo carro. As vendas do Clio no mercado nacional estão em plena queda, e por isso a Renault promete mudanças mais pesadas nos próximos anos. É esperar para ver.
Fonte: Uol
Civic e 307 fogem da tendência da indústria nacional
O lançamento da nova geração do Honda Civic e do Peugeot 307 reestilizado, ambos em maio, trouxe novo ânimo para o consumidor brasileiro
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