Em 1997, a maioria dos paulistanos se deslocava na cidade usando o transporte coletivo. De lá para cá, houve um crescimento vertiginoso no número de veículos individuais. Em 2002, 52,24% da população já usava o carro como meio de transporte principal, segundo dados da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô). A facilidade na compra dos automóveis e a situação precária do transporte coletivo urbano podem ser considerados os principais fatores para essa inversão de papéis. Hoje, existe proporcionalmente dois carros para cada habitante na cidade.
No entanto, a malha viária não acompanhou esse crescimento, o que fez com que a cidade enfrentasse um aumento considerável de congestionamentos. A conseqüência disso pode ser vista todos os dias. Trânsito lento, vias congestionadas, acidentes, estresse são expressões que passaram a fazer parte do vocabulário do paulistano. “A capacidade de expansão do sistema viário é infinitamente menor do que a taxa de expansão da frota”, garante o secretário municipal de Transportes, Frederico Bussinger. Segundo ele, os governos se concentram somente na infra-estrutura quando o assunto é trânsito. “Só construir ruas, pontes e viadutos não adianta. É necessário implementar medidas operacionais que aumentem a capacidade de circulação. E isso envolve procedimentos de natureza comportamental: onde as pessoas podem estacionar, onde não pode”, raciocina.
“A cada dia estou mais convencido de que a principal variável no trânsito é o comportamento das pessoas”, pondera o secretário. “Essa arrogância, esse individualismo que nós temos, é incompatível com um trânsito seguro. Nesse clima, com essa sensação de impunidade, é impossível ter um trânsito fluido e pacífico”, analisa.
Quais seriam, então, as soluções? “Melhorar a qualidade do transporte coletivo é fundamental para que as pessoas passem a usá-lo novamente”, garante Bussinger. Segundo ele, é preciso implementar medidas operacionais que facilitem o acesso ao serviço. Dentre essas medidas, que já vêm sendo introduzidas, o secretário destaca a compra de veículos com portas de acesso maiores, a colocação de painéis eletrônicos informando os horários dos coletivos, e a implantação de trens-embarque nos terminais, que permitem a validação da passagem antes da entrada no ônibus. De acordo com Bussinger, “é preciso criar um sistema que atenda à população conforme suas necessidades”.
Mas, para o secretário, atender a essas necessidades é uma situação complicada. “É a síndrome da feira: todo mundo quer feira perto de casa, jamais na sua rua. Da mesma forma, todos querem os pontos de ônibus perto de casa, jamais na frente. Gerir esses conflitos é uma grande dificuldade, esse é o dia-a-dia da secretaria. Nosso problema maior reside em gerir comportamentos”, finaliza.
Agência MBPress
Solução para o trânsito passa por questão comportamental, diz secretár
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