Os advogados de Suzane Louise von Richthofen decidiram se retirar do plenário do Tribunal de Júri na tarde desta segunda-feira, o que obrigou o juiz Alberto Anderson Filho a adiar o julgamento para 17 de julho. “Todos perceberam como a coisa foi manobrada”, declarou o juiz. A ex-estudante de Direito e os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos são acusados da morte dos pais de Suzane, Marísia e Manfred, em outubro de 2002.
O promotor Roberto Tardelli chegou a pedir que Suzane voltasse à prisão, já que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) valeria, pela sua interpretação, apenas até o julgamento. Mas o pedido foi negado por Alberto Anderson Filho, e Suzane voltou para a casa do seu tutor, Denivaldo Barni, onde continuará a cumprir sua prisão domiciliar.
A defesa de Suzane se retirou do plenário por volta das 15h30, depois de pedir ao juiz que adiasse o julgamento. O advogado Mauro Octávio Nacif afirmou que a testemunha Claudia Sorge, considerada por ele “imprescindível”, não poderia comparecer ao tribunal. O juiz e os promotores foram contra a alegação, já que a testemunha havia avisado em maio que estaria em viagem à Alemanha na data do julgamento.
Claudia era amiga de Marísia e falaria sobre o relacionamento entre mãe e filha. Tardelli alegou, entretanto, que a testemunha não era imprescindível, já que não presenciou o crime e seu depoimento estava no inquérito.
Uma frase do advogado foi utilizada pelo juiz para justificar o indeferimento do pedido. Nacif afirmou que poderia substituir a testemunha caso o julgamento fosse adiado. “Se ela é imprescindível, não entendo porque o senhor quer substituí-la”, questionou o juiz.
O clima esquentou após o adiamento ser negado e Nacif chegou a confrontar o juiz. “O senhor marque o júri para daqui a uma semana que eu faço. Hoje, não”, afirmou o advogado de Suzane. Em outro momento, o defensor chegou a acusar Alberto Anderson Filho de ser “intransigente e arbitrário”.
A promotoria deixou o plenário frustrada. “O deboche dessas pessoas conosco, com todo o Brasil, é algo extremamente grave (…) Eles riram aqui, a poucos metros. Não é possível que deixemos que essas pessoas debochem de nós. Isso não é um circo”, desabafou Tardelli.
O juiz determinou que o abandono do julgamento fosse comunicado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “Embora a ré não esteja algemada, essa presidência ficou algemada”, afirmou. Ele também nomeou um defensor público para Suzane, para garantir que o júri ocorra em julho.
Irmãos Cravinhos
Os advogados dos irmãos Cristian e Daniel Cravinhos de Paula e Silva nem chegaram a comparecer ao Fórum Criminal da Barra Funda. O responsável pela defesa, Geraldo Jabur, alegou cerceamento. “Como ia ter coragem de me fazer presente no plenário sem que meus clientes recebessem instruções minhas ou da minha filha (a também advogada Gislaine Jabur)”, afirmou.
Ele disse que não teve acesso aos acusados, que foram transferidos do Itirapina, no interior de São Paulo, para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros na última quinta-feira. Cristian explicou ao juiz que não houve tempo de conversar com os advogados e informou que ele e o irmão querem continuar a ser defendidos por Jabur. Com isso, o julgamento deles ficou para o dia 17 de julho, junto com o de Suzane.
Nacif informou que o julgamento deve, sim, ser realizado no dia 17, mas descartou que os três réus sejam julgados na mesma data. Ele explicou que o Ministério Público será responsável pela escolha de quem será julgado em julho e insinuou que os promotores irão escolher sua cliente.
O reencontro
Cristian, Daniel chegaram ao plenário vestidos com calça laranja, moletom branco e chinelos. Já Suzane estava com calça jeans, blusa branca e um sapato creme. Os três ficaram alguns minutos sentados juntos ao lado direito do juiz. Suzane sentou na ponta, ao lado de Daniel. Em nenhum momento os ex-namorados se olharam.
A acusada da morte dos pais permaneceu o tempo todo com a cabeça virada para o juiz e conversou muitas vezes com seus defensores. No momento em que os irmãos foram para frente do magistrado, Suzane abaixou a cabeça, evitando trocar olhares com Daniel Cravinhos. A ex-estudante esboçou um sorriso apenas para seu defensor e para o juiz, quando foi perguntada sobre o nome de seus advogados.
Ela também evitou olhar para as pessoas que acompanhavam o julgamento da platéia e, nas poucas vezes que levantou a cabeça, apenas prestou atenção na discussão entre seus advogados e os promotores.
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Manobra da defesa adia julgamento de Suzane e irmãos Cravinhos
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