Crise

Aeronáutica deve trocar de comando após crise na aviação

A permanência do tenente-brigadeiro-do-ar Luiz Carlos Bueno no Comando da Aeronáutica está com os dias contados.

A permanência do tenente-brigadeiro-do-ar Luiz Carlos Bueno no Comando da Aeronáutica está com os dias contados. Sua queda pode ocorrer a qualquer momento, em decorrência da crise dos controladores de vôo dos aeroportos brasileiros, que estão insubordinados, inclusive os militares. Embora o ministro da Defesa, Waldir Pires, diga que o comandante da força está prestigiado, a permanência de Bueno no posto se tornou insustentável. O oficial mais cotado para substituí-lo é o tenente-brigadeiro-do-ar José Américo dos Santos, chefe do Estado-Maior do Ministério da Defesa. A mudança é esperada porque o comandante da Aeronáutica se enfraqueceu junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de um lado, e aos subordinados, de outro.

A autoridade de Pires também foi desgastada. O ministro da Defesa quebrou a hierarquia militar ao assumir diretamente as negociações com os controladores de vôo e anunciar a desmilitarização do setor, o que enfraqueceu Bueno, mas desgastou o ministro entre os militares, inclusive do Exército e da Marinha. E ainda gerou grande descontentamento entre os oficiais da Aeronáutica, que vêem o movimento como uma insubordinação grave. Na avaliação dos comandantes militares, os sargentos da Aeronáutica teriam que ser “enquadrados” e punidos.

O fato de o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ter negociado diretamente com os líderes do movimento é considerado uma interferência inaceitável na hierarquia militar, somente comparável ao episódio do movimento dos marinheiros de 1964, quando houve quebra da hierarquia. Naquela ocasião, o presidente João Goulart, estimulado por líderes do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), encontrou-se com os cabos e marinheiros amotinados, o que serviu de pretexto para o golpe militar de 1964.

A Aeronáutica mantém 2 mil controladores de vôo, a maioria com patente de sargento, sujeitos à rígida disciplina de caserna e ao soldo da patente. É impossível aumentar o salário dos controladores de vôo, como querem seus líderes sindicais, sem mexer com a política salarial dos militares. A Aeronáutica também não aceita a idéia de a CUT controlar o tráfego aéreo do país por intermédio de um sindicato de controladores de vôo.

O ministro da Defesa, porém, é a favor de uma carreira civil para os controladores de vôo. “Defendo o transporte civil para a população civil. Estou convencido de que é uma boa solução. Aliás, não sou eu, é o mundo”, declarou Pires. Aparentemente, tem o respaldo do presidente Lula, que está irritado com a crise dos controladores de vôo e avalia que houve um problema na administração nesta área, a cargo da Aeronáutica.

“O Estado democrático não pode ficar refém de nenhum setor da sociedade, de nenhuma categoria. Não se pode admitir um Estado democrático paralisado, com a população desassistida, vendo o crescimento da situação de intranqüilidade nos aeroportos, com brigas, choques, polícia”, diz o ministro. Pires evita polemizar com a Aeronáutica sobre os problemas do controle do tráfego aéreo e não vê o menor motivo para o comandante Luiz Carlos Bueno ficar chateado ou deixar o cargo. “O brigadeiro Bueno tem o meu apreço e a confiança do presidente da República”, minimizou na sexta-feira.

Sistema integrado
A desmilitarização do setor parece uma idéia simples e boa, mas não leva em conta a complexidade do problema, a história do controle do espaço aéreo brasileiro e seu papel estratégico na navegação do Atlântico Sul. Criado pelo brigadeiro Eduardo Gomes, patrono da Força Aérea Brasileira (FAB), em 1946, o controle do espaço aéreo brasileiro sempre foi militarizado, porque utiliza os mesmos equipamentos para controlar as rotas aéreas da aviação comercial e, simultaneamente, operar o sistema de defesa do espaço aéreo.

A maioria das bases militares da Aeronáutica funciona ao lado dos aeroportos comerciais e, durante 40 anos, o Sistema de Proteção ao Vôo foi subordinado à Diretoria de Rotas da Aeronáutica. Na década de 70, com a navegação eletrônica, em razão das dimensões continentais do país, optou-se por um sistema integrado de defesa aérea e controle do espaço aéreo, o Cindacta 1, com sede em Brasília, que abrangia inicialmente o quadrilátero compreendido por São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e a própria capital federal.

Depois, foram criados os centros de Curitiba (Cindacta 2), que controla o Cone Sul, e de Recife (Cindacta 3), que cobre a região que vai do sul da Bahia ao Maranhão. O Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), implantado em 2002, servirá de base para a criação do Cindacta 4, com sede em Belém (PA), onde foi instalado o primeiro serviço de auxílio à navegação aérea do país, em 1938, durante a Segunda Guerra Mundial. O sistema de proteção ao vôo e defesa área mobiliza 13.150 pessoas e cobre um espaço aéreo de 22 milhões de quilômetros quadrados. Os controladores de vôo estão na ponta do sistema e são escolhidos após rigorosa seleção. 

Fonte: Correio Web

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