SISTEMA OBSOLETO

Americanos ainda votam em máquinas pouco confiáveis

Milhões de americanos vão às urnas nesta terça-feira em uma eleição em que a confiabilidade das máquinas de votação eletrônicas e seu impacto na integridade do

Milhões de americanos vão às urnas nesta terça-feira em uma eleição em que a confiabilidade das máquinas de votação eletrônicas e seu impacto na integridade do processo eleitoral terão grande destaque.

Após os problemas surgidos nas eleições presidenciais de 2000, que obrigaram a recontagem de milhares de votos e a intervenção da Suprema Corte dos Estados Unidos, o Congresso decidiu dar uma chance ao sistema eletrônico de votação ao aprovar uma lei eleitoral em 2002.

As eleições de 2000 puseram em dúvida a eficácia do obsoleto sistema de votação até então utilizado, que não esteve livre de erros nem de manipulação. Tal sistema incluía máquinas operadas por alavancas – inventadas na década de 20 -, máquinas perfuradoras de papel – da década de 50 – e até os leitores ópticos da década de 70.

Por conta disso, o governo dos EUA destinou pouco mais de US$ 3 bilhões à modernização de seu sistema de votação, e as máquinas eletrônicas, muito parecidas com os caixas automáticos de bancos, são a peça-chave desta reforma.

Calcula-se que nas eleições desta terça-feira, 33 dos 50 estados contarão com sistemas de alta tecnologia. O restante das cédulas será computado por leitores ópticos. Pela primeira vez, mais de um terço dos americanos emitirão seu voto por via eletrônica.

No entanto, estas máquinas e os programas de computação que as fazem funcionar não estão livres de problemas técnicos, sejam causados por vírus ou por manipulação. Os principais fabricantes das máquinas, a Diebold, a Elections Systems & Software, a Sequoia Voting Systems e a HartInterCivic, asseguram que seus produtos são confiáveis.

Devido à autonomia estadual em relação aos métodos de votação, estados como Missouri e Ohio exigirão das empresas um comprovante do voto emitido para que possa ser feita a recontagem dos votos, caso necessário. Em Maryland, onde houve problemas nas primárias de setembro, o próprio governador, Bob Ehrlich, disse aos eleitores que desconfiassem das máquinas e solicitassem "cédulas provisórias". Ainda assim, o Estado usará as urnas eletrônicas.

Diferença nos Estados

Outros pontos que têm sido discutidos são as diferenças do sistema de votação de um Estado para outro, decorrentes da Constituição dos EUA, que diz que os governos estaduais têm jurisdição sobre os métodos e os detalhes do processo eleitoral, e a vulnerabilidade do voto eletrônico.

"Temos um sistema tão diferente em cada Estado porque os fundadores do país temiam uma manipulação dos votos e deixaram essas funções nas mãos dos governos estaduais", afirma Chris Hull, professor de Assuntos Governamentais da Universidade Georgetown.

"Houve uma grande ênfase no abandono das cédulas de votação. Só que agora o voto eletrônico também está dando dores de cabeça, porque também tem pontos vulneráveis", acrescentou o acadêmico. Entre estas principais vulnerabilidades, segundo os especialistas, está o fato de o sistema eletrônico se basear em programas de computação que podem ser facilmente manipulados.

Em muitos Estados, os eleitores não recebem um comprovante de voto, por isso é impossível verificar se o candidato selecionado na tela é o mesmo que ficou registrado no computador.

"É impossível verificar se um voto foi registrado de forma correta. Com o sistema anterior, pelo menos era possível fazer uma auditoria ou uma apuração, mas com o voto eletrônico, se há suspeita de alguma anomalia, não se pode fazer nada", explicou Avi Rubin, diretor do Instituto de Segurança em Informática da Universidade Johns Hopkins.

Fonte: Último Segundo

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