Brasil

Costa nega favorecimento à Planam

Ex-ministro da Saúde diz à CPI que se reuniu em fevereiro de 2003 com o empresário Luiz Antonio Vedoin, acusado de comandar a máfia dos sanguessugas

O ex-ministro da Saúde Humberto Costa negou à CPI dos Sanguessugas nesta quarta-feira (8) qualquer favorecimento à Planam no período em que dirigiu a pasta, entre janeiro de 2003 e julho de 2005. Mas admitiu que se encontrou com o dono da empresa, Luiz Antonio Vedoin, acusado de chefiar a máfia dos sanguessugas. 


Humberto Costa depõe na CPI das Sanguessugas
 

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Costa se defendeu das acusações de que teria ajudado a Planam a receber uma dívida de R$ 8 milhões que tinha com o Ministério da Saúde. Segundo o ex-ministro, a empresa só recebeu o dinheiro porque se encaixava nas condições estabelecidas para isso. 

"Não houve qualquer tipo de beneficiamento a essa empresa", disse à CPI. O depoimento começou por volta de 11h20 e durou três horas e meia.

De acordo com reportagem da revista "Veja", Costa participou de uma intermediação em 2003 para que a Planam recebesse uma dívida de R$ 8 milhões com o ministério. Segundo Vedoin, o petista José Ayrton Cirillo, do PT do Ceará, teria sido indicado pelo então chefe-de-gabinete de Costa, Antonio Alves de Souza, para negociar a dívida.

Vedoin disse que o dinheiro do ministério começou a ser liberado mediante pagamento de propina a Cirillo. A partir daí, segundo o empresário, o esquema da máfia dos sanguessugas ampliou-se dentro do ministério. Cirillo já negou a acusação.

Segundo Costa, o dinheiro da Planam estava retido porque um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva restringia o pagamento imediato de dívidas de ministérios. O decreto dizia que o dinheiro seria liberado se as empresas credoras obedecessem certas condições. De acordo com Costa, a Planam acabou se enquadrando nessas regras, e, por isso, a dívida começou a ser paga.

Ele afirmou desconhecer o pagamento de propina e ironizou a própria Planam. "Se a empresa tivesse um assessor com capacidade, saberia que não precisaria pagar propina porque ela se enquadrava no decreto", disse Costa.

"Jamais deleguei a ele (Cirillo) ou a qualquer pessoa falar em meu nome. Se supostamente pessoas procuraram o Vedoin para pedir propina, a prova de que essas pessoas estavam vendendo um prestígio inexistente é que esse dinheiro seria liberado independentemente disso. Se ele (Vedoin) pagou propina, ele foi ludibriado", ressaltou.

Encontro 

O ex-ministro nega que tenha tido um contato muito próximo com Vedoin. Contou que encontrou-se com ele em fevereiro de 2003 para discutir a dívida. Vedoin teria sido levado ao encontro pelo deputado Benedito Domingos (PP-DF), que pediu, segundo Costa, uma audiência com o então ministro sem adiantar o assunto. "Não me lembro muito do Vedoin", disse Costa.

Ele afirmou ainda que o ministério suspendeu os repasses de recursos para alguns municípios a pedido do Ministério Público. Segundo ele, o MP alegou que esses municípios estavam superfaturando equipamentos, como, por exemplo, ambulâncias.

A CPI deve ouvir ainda nesta quarta o ex-ministro Saraiva Felipe, que substituiu Costa em julho do ano passado e deixou a pasta este ano para disputar as eleições – ele foi eleito deputado federal pelo PMDB de Minas.

Na terça-feira (7), depôs Barjas Negri, que foi ministro da Saúde em 2002, durante o governo FHC (leia mais aqui). A CPI também convidou o ex-ministro José Serra, eleito governador de São Paulo pelo PSDB. Serra, no entanto, avisou que não deve comparecer. 

Fonte: Globo.com

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