O recém-concluído julgamento do ex-líder iraquiano Saddam Hussein teve tantas falhas que seu veredicto não deve ser considerado justo, segundo denunciou a organização internacional Human Rights Watch.
Saddam foi condenado à morte por enforcamento há duas semanas, por conta das acusações de crimes contra a humanidade.
Outros sete có-réus também foram condenados, dois deles à pena de morte.
A Human Rights Watch diz que durante os dez meses de julgamento houve regularmente falhas na divulgação com antecedência de provas importantes para a defesa e que o direito básico dos réus de contestar as testemunhas de acusação foi violado.
O grupo também duvida da imparcialidade do juiz que presidiu o caso e diz que houve importantes omissões nas provas produzidas para estabelecer as acusações.
Contestação
O ministro das Relações Exteriores do Iraque, Hoshyar Zebari, contestou as acusações da Human Rights Watch e disse à BBC acreditar fortemente que o julgamento foi justo e livre.
Saddam Hussein tem mais duas semanas para apelar da decisão do júri, mas seu principal advogado de defesa disse à BBC que ele tem sido impedido de protocolar o apelo.
O ex-líder iraquiano foi condenado por responsabilidade na morte de 148 pessoas na cidade de Dujail, maioria xiita, após uma tentativa de assassiná-lo em 1982.
Saddam agora está sendo julgado em outro caso por acusações relacionadas a uma operação militar contra os curdos no fim dos anos 1980, na qual mais de 180 mil pessoas teriam morrido.
Para a Human Rights Watch, os julgamentos de Saddam estão entre os mais importantes do mundo desde o julgamento dos antigos líderes nazistas em Nuremberg após a Segunda Guerra Mundial.
Segundo o relatório da organização, eles “representam a primeira oportunidade para criar um registro histórico relativo a alguns os piores casos de violações de direitos humanos e para começar um processo de análise metódica das políticas e das decisões que deram origem a esses eventos”.
Para a Human Rights Watch, o tribunal iraquiano que está julgando Saddam falhou ao não considerar a importância internacional dos dois julgamentos do ex-líder.
BBC Brasil