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Libaneses vão às ruas acompanhar funeral de Gemayel

Dezenas de milhares de pessoas estão se concentrando nesta quinta-feira nas ruas da capital libanesa, Beirute, para o funeral de Pierre Gemayel, o ministro cris

Carros e ônibus levando manifestantes seguiram o cortejo funeral, que se deslocava lentamente entre a multidão do vilarejo onde ele nasceu à capital.

Os simpatizantes de Gemayel prometeram uma manifestação pública de repúdio ao assassinato. Segundo um correspondente da BBC, a concentração de pessoas na capital se assemelha a um comício político.

Entenda a situação no Líbano

Muitas das pessoas presentes estão levando bandeiras do Líbano e do Partido Falange, de Gemayel.

Muitos libaneses acusam a Síria de envolvimento no assassinato de Gemayel, mas o governo sírio rejeita a acusação.

O Conselho de Segurança da ONU concordou com o pedido do Líbano para que ajude nas investigações sobre o assassinato.

O atual presidente do Conselho, Jorge Voto-Bernales, do Peru, disse que não era necessário discutir o pedido.

Na terça-feira, o Conselho de Segurança da ONU já havia aprovado planos para a criação de um tribunal internacional para julgar os suspeitos pelo assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, em fevereiro de 2005. Hariri também era um forte opositor da influência da Síria sobre o Líbano.

O anúncio do Conselho de Segurança ocorre pouco depois de o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, ter expressado sua preocupação com a situação no Líbano. Annan disse que conversou com o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora.

Bush oferece ajuda

Nesta quarta-feira, o presidente americano, George W. Bush, prometeu ao primeiro-ministro do Líbano que ajudará o país a se defender do que chamou de "intromissões do Irã e da Síria", segundo um assessor da Casa Branca.

De acordo com Gordon Johndroe, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Bush falou por telefone com Siniora e reiterou "o firme compromisso de Washington em ajudar a construir a democracia libanesa e a apoiar a independência contra as intromissões do Irã e da Síria".

O assassinato de Pierre Gemayel também foi condenado pelo Irã e pelo Hezbollah, grupo militante xiita do Líbano que tem o apoio de Teerã e Damasco.

O presidente americano não culpou explicitamente a Síria nem o Irã, mas defendeu uma investigação para identificar as "pessoas e forças" por trás do ataque.

Leia também: Assassinato intensifica crise política no Líbano

Tribunal internacional

Na conversa com Siniora, Bush disse ainda que a violência não vai "impedir a comunidade internacional de estabelecer o tribunal especial para o Líbano".

Tratava-se de uma referência aos planos aprovados na terça-feira no Conselho de Segurança da ONU.

A proposta de criação de um tribunal internacional para julgar os suspeitos pelo assassinato de Hariri foi aprovada pelo governo libanês na semana passada, mesmo depois da renúncia de seis ministros pró-Síria que se opunham ao tribunal.

Uma investigação da ONU implicou a Síria no assassinato de Hariri, mas o país negou envolvimento.

Segundo Laura Trevelyan, correspondente da BBC na ONU, em Nova York, o tribunal internacional para julgar os assassinos de Hariri poderia também julgar os responsáveis pela morte de Gemayel. Mas esse tribunal é altamente polêmico no Líbano.

Políticos pró-Síria se opõem a esse tribunal, afirma Trevelyan, e ele não pode ser estabelecido sem a aprovação do Parlamento libanês.

O presidente Bush também teria telefonado para o pai do ministro morto, o ex-presidente do Líbano Amin Gemayel (1982-88), que teria pedido apoio internacional para encontrar os responsáveis pela morte do seu filho.

Funeral

Ministro da Indústria e importante líder cristão-maronita, Gemayel, de 34 anos, foi morto a tiros na terça-feira em seu carro numa área cristã da capital Beirute. Ele foi o quinto político libanês anti-Síria a ser assassinado nos últimos dois anos.

Uma multidão acompanhou o funeral de Gemayel nesta quarta-feira. Partidários do ministro carregaram o caixão pelo vilarejo de Bikfaya, a leste de Beirute, no início do período de três dias de luto.

A segurança foi reforçada no vilarejo e em todo o país em antecipação ao enterro do político, na quinta-feira.

A multidão aplaudiu a passagem do caixão, e mulheres atiraram arroz de balcões. Também houve disparos de tiros para o alto.

O caixão estava envolto na bandeira do partido de Gemayel, o Falange.

Um padre fez as orações na casa da família Gemayel, com a presença dos familiares e amigos do político.

Visitantes passaram pelo caixão, dando pêsames ao pai do político, Amin Gemayel.

"Este é o quinto mártir da família Gemayel. Houve meu irmão, meu sobrinho, minha sobrinha, um primo e agora é Pierre, meu filho", disse Amin Gemayel.

"É uma verdadeira tragédia, mas nós ainda temos fé e, quaisquer que sejam os sacrifícios que tiverem de ser feitos, nós vamos continuar. É uma batalha que estamos travando pela liberdade e pela democracia no Líbano".

Comemorações suspensas

O crime também provocou a suspensão das comemorações do Dia da Independência do Líbano, que estavam previstas para esta quarta-feira.

Em vez disso, foi decretado luto oficial de três dias.

O governo libanês deslocou tropas do Exército para as ruas de Beirute para evitar distúrbios. Pneus foram queimados no bairro cristão de Ashrafiyeh.

Manifestantes anti-Síria também fizeram uma passeata e bloquearam ruas na cidade cristã de Zahle, no leste do Líbano.

BBC Brasil

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