As passagens de ônibus e do Metrô de São Paulo aumentarão na próxima quinta-feira. Os preços das duas tarifas passarão a ser iguais, R$ 2,30, o que rompe com a estratégia adotada ao longo dos anos de manter preços superiores no sistema sobre trilhos hoje usuários de ônibus pagam R$ 2 e os de metrô, R$ 2,10.
O bilhete único integrado entre os dois sistemas saltará de R$ 3 para R$ 3,50.
A decisão do governador do Estado de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), de reajustar a passagem do metrô em 9,5%, divulgada na semana passada, desagradou a equipe de técnicos da Secretaria dos Transportes e o governador eleito José Serra (PSDB), além do prefeito de SP, Gilberto Kassab (PFL), que viu demora na medida. Também os ônibus intermunicipais irão aumentar 9,5%.
Apesar de o aumento do Metrô ser acima da inflação acumulada desde janeiro de 2005 8,2% pelo IPCA e 5,6% pelo IPC, ficou abaixo do que os técnicos e o tucano reivindicavam. Ainda na semana passada, o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, confirmou que, com a tarifa de R$ 2,30 projeta-se um déficit de R$ 30 milhões para 2007 nas contas do Metrô, que terá de cortar gastos.
A tarifa de R$ 2,40 equilibraria as contas do Metrô, disse ainda Fernandes. Segundo ele, com o subsídio do governo do Estado às gratuidades (estudantes, idosos, deficientes etc.), o valor cobriria todos os custos da empresa em 2007.
Um fator que minimizou o déficit previsto para o sistema é o valor do bilhete único que permite a integração entre metrô, trens e ônibus-, fixado em R$ 3,50. Com esse valor, a diferença entre a soma das tarifas de ônibus e metrô ambas fixadas em R$ 2,30 e o valor do bilhete único permanece nos atuais R$ 1,10.
Prefeitura e Estado bancam, cada um, metade dessa diferença R$ 0,55 por passageiro. A manutenção do valor, que reduziu proporcionalmente o subsídio para o usuário, fará com que o governo mantenha o subsídio já previsto para 2007.
Já o prefeito Gilberto Kassab não gostou da demora do governador para definir o reajuste -a idéia era anunciar os aumentos do ônibus e do metrô juntos, mas em razão da demora de Lembo a decisão do município, que elevou em 15% a tarifa (acima dos 7% de inflação medidos pelo IPCA), ocorreu uma semana antes.
Metrô lotado
Lembo alegou motivações sociais para não atender ao pleito de tucanos e pefelistas. Avaliou que seria "extorsão" definir um reajuste muito acima da inflação.
Técnicos prevêem um aumento da lotação em linhas do metrô que já estão saturadas e perda de receita de viações municipais. Com a tarifa igual à dos ônibus, a tendência será de migração de passageiros ao metrô, explicam.
Neste ano, por conta do bilhete integrado, já houve aumento de 10% na demanda no Metrô, contra a previsão de 6%.
Questionado sobre a possível superlotação, o governador disse não ver problema na migração de passageiros dos ônibus para o transporte sobre trilhos. "As pessoas têm também o sentido da oportunidade, [de saber] o que é melhor para elas."
Ao ser questionado sobre um provável buraco de R$ 30 milhões em 2007, citado por Fernandes, Lembo respondeu que haverá "equilíbrio", sem "gordura" no sistema.
Folha de S.Paulo