Os gastos com cultura ocupam o quarto lugar no orçamento das famílias brasileiras, totalizando 4,4% e ficando atrás das despesas com saúde, vestuário e educação. A conclusão é do estudo Sistema de Informações de Indicadores Culturais, divulgado hoje (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados foram obtidos através do cruzamento de informações de sete pesquisas do instituto. As famílias brasileiras gastam em média com cultura R$ 115,50 por mês, dos quais R$ 50,97 com telefonia, seguida pela aquisição de eletrodomésticos ligados à área cultural (R$ 17,25) e atividades de cultura, lazer e festas (R$ 13,82).
A cultura ocupa cerca de 1,43 milhões de trabalhadores, o que corresponde a 4% da mão-de-obra ativa do país, ou 3,7 milhões de pessoas, levando em consideração também o setor informal. O rendimento médio é de cinco salários mínimos, enquanto a média nacional fica em três salários.
De acordo com o Cadastro Geral de Empresas (Cempre) do IBGE, existem quase 270 milhões de empresas e organizações (órgãos da administração pública e sem fins lucrativos) representando 5,2% das empresas com existência formal.
A coordenadora do estudo, Cristina Lins, informou que o trabalho foi solicitado pelo Ministério da Cultura, com o objetivo de levantar a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB), mas ressaltou que essa informação deverá ser obtida daqui a três ou cinco anos. “Nós queremos construir uma base de informações contínuas e acompanhar a evolução do setor”, disse ela.
Segundo o Ministro da Cultura, Gilberto Gil, o estudo servirá de base para mostrar a importância da cultura na economia. Ele disse que, no ano que vem, será iniciada a conta satélite da cultura (que irá fazer o levantamento da sua participação no PIB brasileiro). Gil acredita que os dados poderão sensibilizar o governo no sentido de aumentar o orçamento do ministério.
“Nós últimos quatro anos, os valores oscilaram entre 0,2% e 0,6% dos recursos do governo federal, quando o preconizado pela Unesco [Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura] é de pelo menos 1%. Isso para um setor que movimenta uma receita líquida de R$ 156 bilhões e custos de R$ 114 bilhões, o que indica a participação do setor cultural de 6,5% dos custos totais e 7,9% na receita liquida”, defendeu Gilberto Gil.
Segundo o IBGE, o governo gastou, em todas as esferas, R$ 2,3 bilhões em 2003, ano escolhido para base do estudo. Os municípios ficaram com 55% desse valor, seguidos pelos estados, com 32,4%, e pela União, com 12,6%.
Agência Brasil