Após uma queda entre 1999 e 2002, os casos de malária na Amazônia Legal, região que concentra 99% da ocorrência da doença no Brasil, vêm aumentando nos últimos três anos. Entre 2004 e 2005, esse crescimento foi de 29,4%, passando de cerca de 464,3 mil doentes diagnosticados para aproximadamente 600,9 mil novos casos.
"Quando o número diminui, a malária sai da agenda política. É preciso pensar na sustentabilidade de ações permanentes para o seu combate", declarou a coordenadora do Departamento de Apoio à Descentralização do Ministério da Saúde, Adriana Nunes de Oliveira, durante o encerramento do 4º Encontro das Comissões Intergestoras Bipartite da Amazônia Legal (CIB Norte).
"O problema não é novo. Tanto que há uma música local que diz que o maior ecologista da Amazônia é o mosquito da malária, porque a doença foi entrave para grandes obras na região, como a estrada de ferro Madeira-Mamoré", lembrou o representante do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Evandro Melo. "A Amazônia tem muitos jargões ligados ao desenvolvimento sustentável. Mas se alguns gargalos não forem enfrentados, como a questão da saúde, esse discurso se esvazia", completou.
O assessor da presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Edmundo Gallo, afirmou que o crescimento dos casos de malária se dá pelo aperfeiçoamento dos mecanismos de busca e diagnóstico, mas principalmente pela dificuldade de ações intersetoriais amplas. "A grande dificuldade de combater a malária é que não adiantam ações localizadas. A gente já o que fazer para resolver o problema, mas não conseguimos concatenar esforços para essas soluções se efetivem", argumentou.
As maiores incidências de malária estão no Amazonas, Pará e Rondônia. Apenas Manaus e Porto Velho (RO) concentram 21% dos casos da doença.
Agência Brasil