O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou a decisão tomada nesta quarta-feira pelo Conselho Político do PMDB de integrar uma coalizão de governo com o PT e aliados. A decisão é fruto de um mês de negociações iniciadas logo após a reeleição de Lula.
"O presidente Lula está muito satisfeito com a decisão e convidará o partido para aprofundar o programa da coalizão e o funcionamento do conselho político", disse o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, a jornalistas, depois de falar com Lula por telefone. O presidente está na Nigéria, participando da reunião da cúpula África-América do Sul.
A coalizão de governo foi aprovada por aclamação no início da tarde. Dos 60 membros do Conselho Político, declararam-se contrários apenas o senador eleito Jarbas Vasconcelos (PE) e o presidente do diretório de Pernambuco, Marcus Cunha. O representante do diretório do Acre se absteve.
"O PMDB está declarando seu apoio a uma coalizão programática e a manutenção desses compromissos, e não a disputa por cargos, é que marcará nosso apoio ao governo", disse o presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), referindo-se a um compromisso de sete pontos aprovado na reunião.
Unidade
Os pontos aprovados incluem reforma política, tributária e fiscal "comprometida com crescimento econômico mínimo de 5% nos próximos anos", consolidação das políticas de transferência de renda, "rechace caso a caso" da situação fiscal dos Estados e criação de um conselho político. A votação foi um raro momento de unidade entre as diversas correntes do PMDB, levando em conta o histórico de divisões do partido e o fato de que Temer e outros dirigentes apoiaram o tucano Geraldo Alckmin nas eleições.
"Desde a formação da Aliança Democrática, em 1985, para a eleição do presidente Tancredo Neves, nunca se viu uma maioria tão ampla no PMDB", disse o ex-deputado Tarcísio Delgado (MG), que lançará em dezembro um livro sobre os 40 anos do partido.
Jarbas Vasconcelos, que faz parte de um grupo de seis senadores "não-alinhados" do partido, reconhece que a tese da coalizão é "amplamente majoritária" no PMDB, mas duvida que ela seja permanente. "Essa unidade não deve durar muito; em breve vão começar as divergências, inclusive na disputa por espaços", disse a jornalistas o senador eleito. "O resultado da votação demonstra que estamos construindo a unidade e a paz. Para um partido que já viveu momentos de guerra civil, acho que merecemos o Nobel da Paz", ironizou o deputado Geddel Vieira Lima (BA), ex-líder no governo Fernando Henrique Cardoso e um dos principais aliados de Lula nas eleições deste ano.
O PMDB elegeu 89 deputados e terá 18 senadores a partir de 2007, as maiores bancadas do Congresso. O partido terá também sete governadores, incluindo Rio de Janeiro e Paraná. "O PMDB unido e fortalecido nacionalmente será um grande impulso para as reformas que o Brasil precisa", acrescentou Tarso Genro.
Fonte: Reuters