“É extremamente preocupante esta situação. Precisamos traçar meios, urgentes, para, com base em toda esta radiografia, podermos salvar estas crianças. É preciso muita insensibilidade para ficar de braços cruzados diante de uma situação dessa”, foi com este alerta e, com preocupação que, Janete Ismael, Procuradora-Geral de Justiça, se referiu ao assistir a uma apresentação sobre o diagnóstico da situação em que vivem as crianças, que foram alvo da Operação Resgate. O diagnóstico foi apresentado, por uma equipe de estudantes de Psicologia da Unipê, na manhã desta segunda-feira (11), no Gabinete da Procuradora-Geral.
Segundo informou a Promotora Soraya Escorel, Curadora da Infância e Juventude da Capital, desde o início da Operação Resgate, que as alunas, Ellen Barros, Laura Cittadino, Luana Lucca e Mônica Paixão, sob a orientação da Professora e Doutora Carla Moita Minervino, realizou pesquisas de campo, em vários bairros da Capital, onde foram aplicados questionários, como instrumentos de coleta de dados, para se ter o diagnóstico da situação sócio-econômica dessas crianças.
Ela disse ainda que o trabalho de pesquisa foi feito com parcerias do Ministério Público da Paraíba, através da Assessoria do Bem Estar Social, da Curadoria da Infância e Juventude, com a participação da Psicóloga Mary Lopes, com o setor de Psicologia da Unipê, com a UEPB e GPCMM (Grupos de Pesquisa de Cognição, Metacognição e Medidas em Psicologia).
Durante a apresentação uma das alunas informou que a pesquisa tinha como objetivo analisar o discurso do eixo central (criança) e do eixo social (família, sociedade e estatuto) em relação ao limite entre o real e o ideal para que a criança tenha uma vida saudável.
Um dos dados apresentados, que mais chamaram a atenção, foi a faixa etária de crianças, cuja idade varia dos 10 aos 14 anos, mais encontradas nas ruas. Dentre as famílias dessas crianças, apenas 28 participam de Programas de Assistencialismo, tipo Bolsa Família, enquanto 34 não participam. Outro dado alarmante é o fato de que, das crianças avaliadas, apenas 16 estudam, enquanto 49 delas não freqüentam a escola. “Algumas crianças na faixa etária entre 8 e 9 anos nunca foram a escola, muitas não possuem nem certidão de nascimento”, informou a Psicóloga Carla Moita.
Foi mostrado também dados preocupantes com relação à escolaridade dos pais das crianças, onde a maioria só possui o ensino fundamental completo, e que o analfabetismo é maior nas mães, comparado aos pais. Durante a apresentação as alunas foram explicando como os dados foram colhidos e a forma como vivem as crianças, onde uma delas chegou a comentar que, devido à extrema situação de pobreza as crianças ficam embrutecidas, não têm noção do que seja uma família.
Ao final a Procuradora-Geral, informou que já sendo estudado um local para colocar essas crianças, bem como, uma forma de fazer com que os pais consigam trabalho para sustentar seus filhos. “Os casos mais pontuais temos que cuidar imediatamente”, enfatizou Janete.
Final da Campanha
Durante todo o dia do último sábado (9), no Busto de Tamandaré foi encerrada a campanha de combate à mendicância infantil, realizada pelo Ministério Público Estadual, através da Curadoria da Infância e Juventude da Capital, intitulada “Criança não precisa de Esmola! Precisa de Escola!”. Crianças e adolescentes assistidas por projetos sociais da Prefeitura Municipal de João Pessoa, se apresentaram no final da tarde.
A teve início no último dia 27 e teve como objetivo conscientizar a população para não dar esmolas a crianças e adolescentes nas ruas e nos diversos semáforos da Capital. A curadora Soraya Escorel informou que a campanha aconteceu durante mais de dez dias, onde podemos contar com o auxílio de voluntários de diversos órgãos, tais como: Agentes Jovens (30), Evangélicos (25), do Rotary(15) e da Curadoria da Infância e Juventude (12).
“A campanha foi uma oportunidade das pessoas conhecerem esses projetos e passarem a canalizar o dinheiro da esmola para essas entidades, que se propõem a transformar a vida de uma criança e de um adolescente, através do envolvimento com a atividade. Acredito que a esmola é um vício não apenas para quem pede, mas também para quem dá, pois contribui para a permanência da criança na rua, fora da escola”, concluiu Soraya.
Redação com Assessoria