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Blair é interrogado por escândalo de venda de honrarias

O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, foi interrogado hoje pela polícia em relação à suposta venda de títulos de nobreza e outras honrarias em troca

O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, foi interrogado hoje pela polícia em relação à suposta "venda" de títulos de nobreza e outras honrarias em troca de doações ao governista Partido Trabalhista. A informação foi confirmada pelo governo. Durante o interrogatório, na residência oficial de Downing Street, Blair deu explicações em relação às razões pelas quais ele propôs pessoalmente algumas indicações para títulos honoríficos. A entrevista durou mais de uma hora e meia.

Ainda assim, o primeiro-ministro não foi interrogado como suspeito, "nem esteve acompanhado por um advogado", afirmou um porta-voz de Downing Street. É a primeira vez nos últimos 70 anos que um chefe de governo britânico no exercício de suas funções é interrogado em um caso de corrupção.

A polícia investiga denúncias de que os três maiores partidos políticos britânicos "premiaram" credores secretos com assentos na Câmara dos Lordes. Além de Blair, vários outros membros do Partido Trabalhista já foram interrogados.

A polêmica começou em março, depois que membros do Partido Trabalhista confirmaram a existência de empréstimos de quase € 20 milhões (cerca de US$ 27 milhões) realizados por doze empresários. Alguns desses homens de negócios foram depois designados para ocupar uma cadeira na Câmara dos Lordes. As regras britânicas de arrecadação para campanhas políticas permite que credores – mas não doadores – permaneçam anônimos. O Partido Trabalhista diz ter aceito, mas não revelado, empréstimos de mais de € 20 milhões de 12 credores diferentes. Os partidos Conservador e Liberal Democrata, ambos de oposição, admitiram também ter recebido empréstimos secretos.

Apesar das acusações, Downing Street deu sua versão para o caso. "O primeiro-ministro explicou porque ele nomeou cada um dos indivíduos. Ele fez isso como líder do partido, em respeito às honrarias reservadas aos apoiadores do partido, como outros líderes fazem", disse o porta-voz de Blair, sempre em condição de anonimato. Ele acrescentou: "Ou seja, as honrarias não foram concedidas por serviço público, pois eram expressamente títulos de nobreza partidários dados por serviços partidários. Nessa circunstância, o fato de eles terem apoiado o partido não era uma barreira para a nomeação."

No mês passado, o ex-líder do oposicionista Partido Conservador Michael Howard também fora interrogado dentro do mesmo inquérito. O porta-voz de Blair afirmou ainda que, dado que o Partido Nacional Escocês – que pediu a investigação – apresentou uma denúncia sobre as pessoas propostas para os títulos honoríficos, "era de esperar que a polícia pedisse para falar com o primeiro-ministro, como parte das investigações para chegar a uma conclusão".

A Scotland Yard não irá distribuir um comunicado sobre o interrogatório. Até agora, a polícia deteve três pessoas em relação à suposta troca de títulos por doações e empréstimos a baixos juros ao Partido Trabalhista, entre eles Lord Levy, um amigo pessoal de Blair e o principal arrecadador da formação. 

Agência Estado

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