O reajuste de 91% do salário dos parlamentares será abordado nos sermões das missas que serão celebradas neste domingo (17) nas igrejas de todo o país, sob o tema: "O que devemos fazer?". A informação consta de nota oficial divulgada pelo presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Geraldo Majella Agnelo.
"Como nos colocar diante do fato chocante do aumento de salário que os parlamentares decretaram para eles mesmos? O que devemos fazer?", questiona o presidente da CNBB, destacando que essa era a questão levantada pelos seguidores de João Batista, profeta precursor de Jesus, designado por Deus para preparar o povo judeu para a vinda do Messias.
O profeta João Batista optou por uma vida simples, austera e distante das luxúrias palacianas. Desenvolveu seu trabalho pregando a vinda de Cristo nos desertos e se vestia com roupas feitas a partir de couro de animais e se alimentava, segundo os Evangelhos, de gafanhotos e mel. João foi decapitado por ter se levantado contra as injustiças cometidas por Herodes, dentre elas a exploração do povo, como a cobrança excessiva de impostos.
"Na missa do próximo domingo (17), ouviremos esta pergunta a João Batista preparando os caminhos para o nascimento de Jesus Cristo. Esta questão era levantada pelo povo que o seguia, pelos líderes da justiça do seu tempo, pelos que mantinham o poder: O que devemos fazer? João Batista respondia com simplicidade oferecendo critérios éticos de ação para a defesa da dignidade da pessoa humana: a partilha, a justiça e o poder como serviço," destacou o Cardeal Majella.
Ainda nas críticas à decisão tomada pelas lideranças políticas, o presidente da CNBB disse que essa atitude "leva a crescer o fosso entre os legisladores e o povo". "Acontece que eles foram eleitos pelo povo para o poder-serviço. Um salário de R$ 24.500,00 diante do salário mínimo de apenas R$ 350,00 sinaliza mais interesses particulares do que a defesa da justiça ou gesto de partilha em solidariedade à população empobrecida. O que devemos fazer hoje?"
Na avaliação do Cardeal Geraldo Majella Agnelo, o reajuste salarial de deputados e senadores convoca a todos a um empenho ainda maior para uma urgente Reforma Política. "Precisamos de instrumentos legais para inibir decisões como esta que obscurecem a dignidade da política", destacou ele, na nota. O presidente da entidade encerra a nota com a seguinte mensagem: "Pedimos neste Natal a luz de Cristo para o nosso País, para a nossa democracia."
A entidade já havia se manifestado, na sexta (15), por meio de nota divulgada por um de seus órgãos vinculados – a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBPJ) – repudiando a decisão dos parlamentares de reajustarem os próprios salários em 91%.
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