Um bebê anencéfalo (sem parte do cérebro) vem contrariando as previsões dos médicos, de que ficaria viva por poucas horas ou apenas alguns dias, e completou 27 dias de vida, neste domingo, em Patrocínio Paulista, no Interior de São Paulo. Marcela de Jesus Galante Ferreira continua internada na Santa Casa da cidade, onde nasceu e foi batizada logo após o parto.
A decisão de batizar a criança foi tomada pelo pai Dionisio Ferreira para que a menina não morresse pagã. Desde então, a criança está na contramão das previsões médicas, de que o bebê não agüentaria tanto tempo.
As previsões dos médicos eram de que o bebê poderia morrer até dentro do útero da mãe. Esse consenso fundamentou a concessão de várias autorizações judiciais para antecipar o parto.
Mas, em vez do diagnóstico se concretizar, o coração da menina desprovida de córtex cerebral continuou batendo. Desde então, Marcela se tornou um verdadeiro símbolo de luta pela vida na cidade.
A mãe Cacilda Galante Ferreira conta que recebeu a informação sobre a possibilidade e a autorização para "antecipar o parto". Católica, a mãe recusou a sugestão. "Os médicos nunca me davam esperança. Todas as vezes que ia ao médico saía triste. Mas era só sentir o bebê se mexendo e chutando a minha barriga que ficava feliz de novo", revive Cacilda, em entrevista ao jornal Folha S.Paulo.
A médica responsável pelos cuidados de Marcela, a pediatra Márcia Beani Barcellos, explica que a criança tem algumas reações normais de um bebê. "Quando alguém põe o dedo perto de sua mãozinha, ela o agarra, como qualquer bebê. Sente dor na parte que lhe falta da cabeça", detalha.
A médica acrescenta ainda que Marcela emite pequenos sons na forma de um "a" curto. Ainda, o bebê mamou no peito da mãe. Só bastou encostar na sua boca o peito de Cacilda.
A pediatra já cogita dar alta para o bebê ir para casa. Católicos da cidade falam abertamente em "milagre" para se referir à sobrevivência de Marcela de Jesus, agora transformada em símbolo da luta antiaborto.
Todos os dias, rodas de orações são formadas na Santa Casa de Patrocínio, onde Marcela continua internada. Na terça-feira, ativistas da organização Santa Gianna Beretta Molla, sediada em Franca, foram rezar o "Creio em Deus Pai" com Cacilda e o diácono, na presença do bebê.
Redação Terra