As Nações Unidas pediram nesta segunda-feira US$ 98 milhões para apoiar as autoridades do Haiti, país mais pobre da América, em seus esforços para estabilizar a nação e potencializar seu desenvolvimento no próximo ano.
"O pedido de recursos busca reduzir a vulnerabilidade da população tentando melhorar a capacidade de gestão das autoridades centrais e locais", disse Joel Boutroue, recém-nomeado representante especial adjunto para a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah).
O ministro de Planejamento e Cooperação haitiano, Jean Max Bellerive, disse em Genebra que o pedido de recursos da ONU (Organização das Nações Unidas) foi negociado detalhadamente com seu governo, para reforçar a capacidade das autoridades recentemente eleitas para implementar seus programas de pacificação e desenvolvimento.
Com 8,4 milhões de habitantes, o Haiti é o país mais pobre do continente americano, com indicadores sociais "catastróficos" e em 153º lugar entre os 177 países analisados no Índice de Desenvolvimento Humano elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Nesse país, a renda anual é de US$ 346 per capita e a pobreza é endêmica.
Mais da metade da população vive abaixo do índice de extrema pobreza (menos de US$ 1 por dia), e mais de 6,2 milhões de haitianos sobrevivem com menos de US$ 2.
A pobreza do Haiti é três vezes superior à média na América Latina e no Caribe, com nível próximo aos países da África subsaariana. Também está entre as nações que apresentam as maiores desigualdades no mundo, já que 20% da população mais pobre possui 1,5% da riqueza, contra os 20% mais ricos que acumulam 68%.
A expectativa de vida dos homens é de 52 anos, enquanto a mortalidade materna está entre as mais altas do mundo, assim como a taxa de pessoas portadoras do vírus da aids, que supera quase 5% da população.
"A população urbana cerca de 3,2 milhões de pessoas vive em subúrbios e favelas, e menos de 40% dos habitantes das duas maiores cidades têm água corrente", disse Boutroue, que alertou que "a produtividade agrícola não pára de cair".
Por isso, os recursos que a ONU arrecadar servirão para financiar os projetos governamentais para garantir a segurança dos subúrbios, distribuir sementes melhoradas que aumentem a produtividade das colheitas e fortalecer o "programa de paz social" delineado pelas autoridades.
"Queremos que os efeitos positivos dos processos eleitorais realizados no país sejam notados o mais rápido possível, para não frustrar as expectativas criadas entre a população e, assim, facilitar uma transição pacífica rumo ao desenvolvimento", afirmou o representante da ONU.
Há três semanas, mais de 90 delegações de Estados e órgãos internacionais participaram da "Conferência Internacional para o Desenvolvimento Econômico e Social do Haiti", realizada em Madri, quando também houve a tentativa de impulsionar a recuperação do país.
Efe