O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, criticou duramente nesta quinta-feira a decisão anunciada nesta semana pelo Paquistão de minar e cercar a fronteira entre os dois países para conter a infiltração de guerrilheiros talebans afegãos na nação vizinha.
À imprensa Karzai disse que as autoridades paquistanesas devem destruir seus santuários, os lugares onde treinam suas forças, seu equipamento e suas fontes de financiamento no Paquistão para impedir que os insurgentes afegãos cruzem a fronteira.
"Somos completamente contra esta idéia; politicamente somos contra e em termos humanitários somos contra", disse o presidente afegão. Representantes da ONU no Afeganistão concordam com Karzai, e também temem que o ato de minar a fronteira cause inúmeras mortes entre civis.
O presidente afegão disse que, se o que os paquistaneses querem "separar as pessoas", esse "é o caminho", mas se o que querem é "prevenir o terrorismo", devem buscar outra solução.
Em sua declaração mais dura até o momento, Karzai acusou o Paquistão de querer "escravizar" os afegãos, mas acrescentou que não permitirá que isso ocorra.
Fronteira
O Afeganistão e o Paquistão compartilham uma fronteira de cerca de 2.500 km, e as relações entre os dois países foram afetadas pelas contínuas acusações do governo em Cabul (capital afegã) a Islamabad (capital paquistanesa) que os talebans encontram refúgio em território paquistanês.
O Taleban é um grupo extremista islâmico derrubado por uma coalizão liderada pelos EUA no final de 2001, que controlava mais de 90% do Afeganistão.
Os talebans intensificaram seus ataques contra o Exército afegão e as tropas internacionais destacadas no Afeganistão, principalmente no sul e no leste do país (onde faz fronteira com o Paquistão).
Folha Online