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Milícia islâmica abandona a capital da Somália

Um porta-voz do governo somali disse à agência de notícias Reuters que os líderes islâmicos desapareceram.

Forças islâmicas abandonaram a capital da Somália, Mogadíscio, nesta quinta-feira, na medida em que tropas do governo, apoiadas por soldados da Etiópia, avançam em direção à cidade.
Um porta-voz do governo somali disse à agência de notícias Reuters que os líderes islâmicos desapareceram.

Na medida em que os milicianos se retiravam, foram ouvidos tiros. Houve notícia da ocorrência de saques.

A Etiópia começou uma ofensiva em larga escala no fim de semana em apoio ao governo interino da Somália, tomando terreno que estava nas mãos da milícia islâmica.

"Nós não deixamos a capital em caos", disse o líder da milícia União das Cortes Islâmicas (UCI), xeque Sharif Ahmed, à emissora de televisão Al Jazeera. "Nós partimos para evitar pesado bombardeio porque as forças da Etiópia estão praticando genocídio contra o povo somali."

Centenas de homens armados que lutavam pela UCI tiraram seus uniformes e se submeteram ao comando de chefes de clãs, disse a agência de notícias Associated Press (AP).

Moradores de Mogadíscio dizem que ouviram intenso fogo de artilharia no norte da capital nas primeiras horas desta quinta-feira – nono dia de um conflito em que ambos os lados dizem ter deixado centenas de mortos.

Correspondentes afirmam que a partida da UCI deixa um vácuo de poder em Mogadíscio, despertando temores da volta de choques entre clãs que eram parte do cotidiano da cidade na década de 90.

A retirada ocorre depois que o Conselho de Segurança das Nações Unidas não conseguiu chegar a um acordo sobre a retirada das forças estrangeiras da Somália.

Sem cessar-fogo

O Conselho se reuniu na quarta-feira com o objetivo de buscar um cessar-fogo e a retomada das negociações de paz entre as forças etíopes, que apóiam o governo interino da Somália, e os milicianos da União das Cortes Islâmicas (UCI), que, havia seis meses, controlavam boa parte do país, inclusive a capital, Mogadíscio.

O delegado do Catar, Mutlaq al-Qahtani, afirmou que não houve consenso sobre o pedido de uma retirada imediata daas forças etíopes e do fim das operações militares na Somália.

O embaixador interino dos Estados Unidos, Alejandro Wolff, considerou o fracasso "lamentável" e disse que o Catar estava sozinho na posição de insistir que todas as forças estrangeiras se retirassem imediatamente da Somália.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que os vizinhos da Somália deveriam respeitar suas fronteiras e "permanecer fora da crise".

A União Africana e a Liga Árabe também já haviam apelado para que a Etiópia se retirasse do território somali.

O Conselho de Segurança da ONU permanece dividido em relação à permanência de tropas estrangeiras no país.

O Catar quer uma resolução que peça a retirada imediata de todas as tropas estrangeiras, inclusive as da Etiópia.

Outros membros do Conselho de Segurança, incluindo os Estados Unidos, defendem a intervenção da Etiópia, dizendo que ela está no país a convite do governo interino.

BBC Brasil

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