A Alemanha assumiu nesta segunda-feira (1) a presidência semestral da União Européia (UE) e do grupo dos oito países mais ricos da Terra, o G8, com a intenção de reativar o processo de paz no Oriente Médio e a Constituição Européia.
Berlim assume a presidência no mesmo dia em que Bulgária e Romênia ingressam como membros de pleno direito de uma UE ampliada para 27 países, na qual existe a pressão para reestruturar suas instituições e reviver seu espírito.
"A Europa necessita de um tratado constitucional se quiser conservar sua capacidade de ação. Queremos dar nossa contribuição e realizar intensas reuniões com nossos sócios europeus", declarou a chanceler, a democrata-cristã Angela Merkel, numa mensagem divulgada nesta segunda-feira pela presidência alemã.
Merkel ressaltou que, "ao fim da presidência" alemã, "teremos que dispor de um plano que indicará como se pode concretizar de verdade um tratado constitucional na Europa".
"A Europa só poderá permanecer forte se seus cidadãos sentirem que há futuro. Muitos deles se perguntam se a Europa lhes dá segurança e prosperidade e se não há demasiada burocracia", acrescentou.
Além da Constituição européia, a presidência semestral alemã, que durará até 30 de junho, tem outros ambiciosos objetivos, sobretudo quanto a temas tão delicados como o relançamento do Quarteto para o processo de paz no Oriente Médio (Estados Unidos, UE, Rússia e ONU) ou as pretensões nucleares iranianas.
Berlim, que participa desde setembro de sua primeira intervenção armada no Oriente Médio desde 1945 como parte da Finul ampliada, envolve-se cada vez mais na região, onde o chefe da diplomacia alemã Frank-Walter Steinmeier multiplicou suas visitas este ano.
Ele não deixou de ir a Damasco em dezembro, seguindo o princípio de que todos os atores da região deveriam estar unidos no diálogo. Um desdobramento que não agrada no momento nem a Paris nem a Washington.
Berlim gostaria de ver o Quarteto se reunir a partir de janeiro, anunciou. De acordo com a revista Der Spiegel, o governo alemão reflete sobre a possibilidade de realizar esta reunião em Berlim, com uma eventual reunião entre o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert e o presidente palestino Mahmoud Abbas à margem.
Uma outra questão polêmica é a das relações entre a UE e Moscou, tensas por causa do embargo russo às importações de carne polonesa.
A Alemanha, que não deixa de sublinhar a importância estratégica da Rússia – sobretudo em matéria energética -, deseja um avanço nas negociações sobre uma nova parceria russo-européia, apesar do atual embargo do lado polonês.
A Alemanha também será a anfitriã encarregada de acolher os dirigentes europeus em 25 de março, em Berlim, por ocasião do 50º aniversário do Tratado de Roma, que consagrou o nascimento da Europa unida.
Berlim também assumiu nesta segunda-feira a presidência do G8, uma responsabilidade que permitirá fortalecer o peso político da chanceler conservadora alemã no âmbito internacional.
Merkel viajará a Washington nesta quinta-feira para arrancar do presidente americano, George W. Bush, apoio às ambições de revitalizar o processo de paz no Oriente Médio e, ao mesmo tempo, explicar seus propósitos à frente do G8.
A última vez que a Alemanha esteve à frente da presidência da UE e do G8 foi em 1999, ou seja, antes que a Rússia se tornasse um sócio habitual na mesa das sete nações mais industrializadas do mundo.
AFP