Um governo novo. Foi isso o que garantiu o governador Cássio Cunha Lima (PSDB) durante discurso de posse na tarde desta segunda-feira (1), em solenidade concorrida no Fórum da Capital. `Vamos evitar acomodações e o risco da mesmice. A idéia é ousar e não ter medo de enfrentar as dificuldades com ousadia´, explicou melhor o governador, em entrevista à imprensa.
Na prática, ele anunciou a retomada de programas assistencialistas, como o Fundo de Combate à Pobreza, suspenso no período eleitoral, e ainda a ampliação do Cheque Moradia. Em tom pacificador, voltou a cobrar unidade de ação e disse que estará com ´as portas da administração escancaradas´ para receber a contribuição de quem que seja.
Cássio afastou as acusações sobre a ilegitimidade de sua eleição e disse que está com ´a mão estendida´ para oposição. ´Se alguém rejeita-la vai ter que se explicar à opinião pública´, declarou o governador.
´A Paraíba é muito pequena para ser dividida´, repetiu a frase, que deverá substituir a expressão ´não está escrito em lugar algum que a Paraíba tem que ser pobre´. Sempre ao lado da primeira-dama, Silvia Cunha Lima, e dos filhos, o governador cumpriu toda os ritos oficiais sorrindo e extremamente bem-humorado.
A vitória, atribuiu ao pai, o ex-governador e deputado federal Ronaldo Cunha Lima, de quem usou a caneta emprestada para assinar, pela segunda vez, o termo de posse no governo do Estado. A caneta havia sido usado por Ronaldo em 15 de março de 1991, quando da posse dele no governo.
À frente do Palácio da Redenção, onde ganhou o direito de exercer o cargo por mais quatro anos, Cássio falou à população que se colocou à frente do palco montado para recondução do cargo. `Sou apenas um portador desta faixa.Na verdade, ele é de todos vocês´, disse, reiterando a intenção de votar pelos 223 municípios da Paraíba.
Com faixas, fotos e bandeiras, o público repetiu cenas de campanha, cantando músicas da coligação que elegeu Cássio em 2006. O governador retribuiu com acenos e sorrisos, deu autógrafos e fez um agredecimento público: ´Obrigado, Campina`.
Em entrevista, o governador disse que se reúne amanhã com a equipe econômica, mais os secretários da Casa Civil, Carlos Dunga, e Articulação Política, Manfredo Guedes, para definir algumas medidas que serão adotadas já na próxima quarta-feira. O governador fez segredo sobre as medidas, mas antecipou que pretende tornar a máquina mais enxuta, reduzindo diretorias de órgãos da administração indireta.
Pela manhã, antes da missa de ação de graças, o governador descartou ´vassourada´ na folha de pessoal, mas confirmou a exoneração de todos os comissionados.
Veja a íntegra do discurso de posse do governador Cássio Cunha Lima.
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,
Autoridades presentes,
Minhas Senhoras, meus Senhores,
“Louvo a Deus que nos
guiou a este instante. Rogo
a Ele as bênçãos protetoras,
com a fé dos crentes e a
crença dos fortes.”
(Ronaldo Cunha Lima)
Repete-se o cenário, e a moldura parece a mesma. Há quatro anos, em solenidade igual, apenas em local diferente, tomava posse perante a Assembléia Legislativa como Governador da nossa querida Paraíba.
Ontem, como hoje, a emoção é igual, e é a mesma a consciência das responsabilidades, aumentadas pela renovação da confiança manifestada, nas urnas, por 1.003.102 paraibanos.
Ontem, como hoje, os desafios são grandes, e é enorme meu entusiasmo de enfrentá-los e vencê-los, agora, com a vantagem do amadurecimento e experiência acumulados.
A solenidade de hoje marca o início de um Governo novo. Mudaram as circunstâncias, mudou, com isso, a forma de ver o presente e encarar o futuro. O Governo é novo.
A hora é de trabalho e união. Para o trabalho, eu me alisto; para a união, eu me ofereço. Cessou a disputa eleitoral. Da campanha, os meus olhos guardam, ainda vivas, as imagens das multidões nas ruas; meus ouvidos guardam o eco dos gritos de entusiasmo e o entusiasmo dos aplausos; meu coração guarda a sinceridade dos sorrisos; a minha alma guarda a inteireza dos sonhos e os sonhos de uma Paraíba coesa e forte.
A Paraíba é pequena demais para ser dividida, mas é grande suficiente para comportar a união de todos que a desejam moderna e competitiva, vencedora e promissora para seus filhos.
Assumo de mão estendida e coração aberto. Assumo com a alma blindada à divisão e à intriga. Quem quiser trabalhar pela Paraíba terá espaço e encontrará as portas da administração francamente escancaradas, sem que seja necessário capitular suas posições ou abdicar de suas crenças. Este Governo saberá conviver com as divergências e respeitará o contraditório da oposição, não apenas na ação individual dos seus integrantes, mas na função de acompanhar e fiscalizar os atos do Governo.
Fui candidato de muitos. Prometi e irei governar para todos. Mas, entre todos, há os que já não têm sequer tempo a conceder, exigem urgência de soluções na emergência dos seus problemas. Prometi e governarei, sobretudo, para os mais pobres e para os que mais precisam.
Prometi e irei trabalhar pelos duzentos e vinte e três municípios da Paraíba. Se o Governo tem sede na Capital do Estado, terá presença em todos os compartimentos regionais.
Prometi e irei exercitar o diálogo como forma de socializar propostas e democratizar decisões. Este Governo estará cada vez mais aberto ao diálogo e à negociação, à participação e à parceria.
Com o Governo Federal, com os municípios, com as empresas privadas e com a sociedade, dividiremos os êxitos das ações de um Governo cada vez mais participativo.
Prometi e vou levar adiante o processo de expansão da Universidade Estadual da Paraíba, hoje consolidada, autônoma e forte.
Prometi e vou cuidar da educação com prioridade, da saúde com especificidade e da infra-estrutura como necessidade.
Prometi e vou trabalhar para atrair e incentivar mais empresas e gerar renda. Mais do que nunca, cidadania e futuro têm o mesmo nome: Emprego.
Prometi e vou trabalhar por uma Paraíba moderna e competitiva, através da educação, como base fundamental para o progresso; da inovação tecnológica, ferramenta indispensável ao desenvolvimento; da redução de impostos, tal qual o PARAÍBASIM, e da infra-estrutura, que, para nós, tem quatro vertentes principais: água, saneamento, estrada e energia.
Prometi e vou ampliar o Cheque Moradia, dando ao paraibano a oportunidade de possuir o seu teto.
Prometi e irei prestigiar os demais Poderes, no respeito ao princípio constitucional da autonomia e da interdependência. Há mais de um ano, todos passaram a ter autonomia financeira, com a fixação e o pontual repasse dos duodécimos; há quase quatro anos, todos partilham com o Executivo as grandes decisões de Estado, na Comissão Interpoderes.
E aqui uma palavra de sincera gratidão ao Excelentíssimo Senhor Desembargador Júlio Paulo Neto, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado, extensivo a todos os Desembargadores e à Desembargadora, pelos renovados gestos de respeito e relacionamento harmonioso.
Prometi cuidar do ajuste fiscal, obrigatório e inevitável. Por força da renegociação feita em 1996, o serviço da dívida da Paraíba está chegando a seu nível mais asfixiante: no próximo quadriênio, pagaremos à União, a cada ano, mais de 20% (vinte por cento) das nossas receitas correntes. Só no ano passado, a Paraíba pagou à União, como serviço da dívida, trezentos e cinqüenta milhões de reais; neste ano, pagaremos quinhentos milhões de reais. E, nos últimos quatro anos, a Paraíba pagou à União a impressionante cifra de um bilhão e quatrocentos milhões de reais e recebeu, na forma de transferências voluntárias, modestíssimos duzentos e trinta milhões de reais, ou seja, a Paraíba transferiu à União mais de um bilhão de reais. É o paciente anêmico doando sangue em leito de UTI.
Confiemos que o Brasil vencerá o contra-senso cruel de drenar recursos de tal monta, exatamente, dos Estados mais carentes.
Queiram ou não os governantes e as lideranças políticas, a gravidade desse tema e a necessidade urgente da reforma tributária terminarão por se impor à agenda nacional.
Parece consensual que nenhuma Federação se manterá à custa da penúria dos Estados.
Enquanto não se toca a sensibilidade nacional, continuaremos a fazer a nossa parte. Mesmo com desgastes, tive que cortar gastos. Os ajustes e os enxugamentos que estamos fazendo não foi uma opção, foi uma condenação irrecorrível. A casa foi arrumada e assim deve continuar.
Estamos todos sendo desafiados a inovar, a ousar, a compensar, com criatividade e competência, os recursos que faltam. Somos desafiados a querer sem conformismos e a reivindicar sem imobilismos.
Para ter um aeroporto à altura das nossas necessidades ou para ter um Centro de Convenções na medida do nosso potencial, é preciso primeiro querer. Se todos os Estados nordestinos puderam fazer a integração rodoviária do seu litoral, para expandir o turismo e a economia, por que só a Paraíba não faria?
A Paraíba vai integrar seu litoral. A Paraíba não pode se acanhar nem ter medo de sonhar e propor, de propor e exigir sem complexo de inferioridade.
Repito que não está escrito em lugar algum que a Paraíba está condenada a ser pobre.
Fácil não será, pois, se o fosse, já estaria feito.
Não importa que nos acusem de utópicos, jamais deixarei de sonhar.
Não importa que nos apontem dificuldades, jamais deixarei de ousar. Criatividade é a saída para a Paraíba moderna e competitiva que estamos desafiados a construir.
Espero em Deus que este Governo jamais cometa os erros da omissão e o pecado da acomodação. Estamos começando não apenas um novo Governo, mas, sobretudo, um Governo novo.
Peço, com muita humildade, a imprescindível colaboração da Assembléia Legislativa, com quem tive a honra de contar, de forma solidária, no primeiro mandato.
Registre-se, por justiça, que a nossa Assembléia, na atual legislatura, esgotou todas as pautas, apreciando todas as matérias, sem uma única convocação extraordinária, o que a torna única no país.
Ao Excelentíssimo Senhor Presidente, Deputado Rômulo Gouveia, dirijo uma palavra de reconhecimento pela colaboração e escolhida gratidão dirigida, também, a todos os nossos Deputados e Deputadas que entenderam o mandato como fruto da soberania popular e delegação de co-responsabilidade pela solução dos problemas e desafios que são do nosso Estado inteiro e não apenas do Executivo.
Peço – e peço com muita humildade – a colaboração indispensável de todos os servidores públicos, patrimônio maior do nosso Estado. A estes, o meu renovado compromisso de valorização e respeito.
Peço – e peço com muita humildade e igual confiança – a colaboração de todos os paraibanos para consolidarmos, com criatividade, uma Paraíba cada vez mais moderna e competitiva, com a certeza do nosso destino de grandeza e oportunidades para todos.
Este momento pertence a muitos. Sem o apoio e a participação, sem o entusiasmo e a emoção, sem as lágrimas e os sorrisos de mais de um milhão de paraibanos, jamais o teríamos alcançado.
Este momento é também fruto do trabalho, de muito trabalho, na crença mais firme de que nada vence o trabalho.
E VENCEMOS!
Agradeço, mais uma vez e sempre, a Deus, que não me faltou com a fé nem nos momentos mais duros dessa longa jornada.
Agradeço aos Secretários e auxiliares mais próximos toda a dedicação à causa da Paraíba. Deles, o futuro dirá que combateram o bom combate.
Agradeço, de modo muito fraterno e especial, à Vice-Governadora Lauremília Lucena, uma lição permanente de correção e lealdade, hoje substituída pelo Vice-Governador José Lacerda Neto, que, com cinqüenta anos de vida pública, é outro exemplo de dedicação à Paraíba.
Como, também, agradeço a um outro exemplar Vice de outrora, ex-Prefeito de João Pessoa, correto como poucos e leal como raros: Cícero Lucena, hoje, com justiça, Senador da Paraíba e dos paraibanos.
Agradeço a todos os partidos aliados que ampliaram, com a sua solidariedade, o alcance da nossa proposta.
Agradeço, de modo especial, ao Senador Efraim Morais que, em momento algum, faltou-nos com seu trabalho e sua determinação.
Agradeço às centenas de Prefeitos, Vereadores e às lideranças municipais perseverantes e sempre leais, acima de tudo.
Agradeço a todos os candidatos da nossa coligação, aos que conseguiram se eleger e aos que a Paraíba oferecerá outra chance.
Na impossibilidade de nominar, um a um, todos os grandes guerreiros dessa cruzada, agradeço a quantos me estenderam suas mãos, para que mais seguro caminhasse; a quantos me ampararam com sua fé, para que mais longe eu avançasse; a quantos me dirigiram seu sorriso de esperança, para que mais longe eu sonhasse.
Quantos – quantos mesmo –, ao longo da campanha, empunharam nossas bandeiras e vestiram nossas camisas?
Quantos irrigaram, com suas lágrimas, a nossa pregação e, com mãos espalmadas e erguidas aos céus, sustentaram a nossa fé?
A todos, o meu mais comovido e escolhido agradecimento.
Obrigado a minha família que, sempre unida, foi esteio, alicerce e arrimo das nossas vitórias.
Obrigado a Tio Ivandro, exemplo de honradez e dignidade, parâmetro de conduta e padrão de comportamento público. Recuperando-se de uma bem sucedida cirurgia, que tornou novo o bom coração que sempre teve, é a síntese de todas as ausências deste instante.
Obrigado aos meus irmãos Ronaldo Filho, Glauce e Savigny, que, para se fazer esforço e apoio, estenderam os dias e multiplicaram as noites em gestos de dedicação e completa solidariedade.
Obrigado a Diogo, a Marcela e a Pedro, filhos tão amados que foram às ruas de mãos dadas comigo num só corpo e que entenderam, desde sempre, que seu pai deveria dispensar atenção e oferecer perspectivas de futuro, não apenas para os três, mas para os três milhões de paraibanos. E a você, Bernardo, meu quarto filho, a mesma gratidão. Tenho muito orgulho de vocês!
Obrigado, também, a quem, desde o ventre, fez comigo um só corpo. Obrigado, Dona Glória, que me baliza, ainda hoje, todos os passos com a mesma segurança e ternura com que me ensinou a caminhar. Obrigado, minha mãe, por seu amor, sua presença e constante apoio, por sua luta, garra e firmeza, por ter me ensinado, com seu desprendimento pessoal, as mais preciosas lições de uma vida e da minha vida.
Obrigado, Ronaldo. E este terá que ser não apenas um comovido agradecimento, mas também uma homenagem ao único paraibano que detém todos – rigorosamente todos – os diplomas que a Justiça Eleitoral pode conferir em um Estado.
Obrigado ao ex-Vereador, ex-Prefeito, ex-Deputado Estadual, Governador, Senador e Deputado Federal reeleito RONALDO CUNHA LIMA. Tão inconteste é o reconhecimento que a Paraíba lhe devotou, que Ronaldo é o único Governador da história recente do Estado que conseguiu, em pleito direto, eleger seu sucessor.
Ele fez o maior saneamento financeiro da Paraíba de que se tem notícia e, ao final do mais curto período administrativo de nossa história, entregou uma Paraíba equilibrada, líquida e saneada, sem haver tomado um centavo sequer de empréstimo.
Ronaldo é o exemplo vivo de que é possível atravessar a vida, o Legislativo e o Executivo, com as mãos limpas dos mais limpos, dos mais éticos, dos mais puros.
Que Deus me permita o que a ele concedeu: não se deixar transformar com o poder e exercê-lo com a tolerância, a dignidade e a probidade de que é exemplo. Ele mudou a Paraíba, mas não mudou.
Que Deus preserve, na minha conduta, a primeira das suas lições: “A política é um sacerdócio e não um negócio”.
Com muito orgulho, com muita alegria, Ronaldo, proclamo que você é o meu modelo, dedico a você esta vitória!
Obrigado, muito obrigado, Poeta!
Deus o recompense, meu pai, meu farol, meu norte, meu guia…
Obrigado, Sílvia. Obrigado por se entregar inteira à causa da Paraíba, de nosso artesanato e cultura, da formação dos nossos jovens, do cuidado com as nossas mães, tudo com a marca da sua simplicidade, timidez e humildade.
Obrigado, mais ainda, por ser plena no aconchego do lar, tornando-o refúgio para os momentos difíceis, renovando minhas energias para todos os embates.
Há vinte e três anos – completados sexta-feira –, nossa união, enraizada no mais sincero amor, floresce tal qual um ipê, os seus ipês, anunciando, com singela beleza, a primavera que você faz em todos os dias da minha vida.
Seu olhar diferenciado para as coisas do mundo, Sílvia, ensinou-me a viver. Juntos, sofremos incompreensões e até infâmias, mas, juntos, crescemos no amor e na certeza absoluta de que a verdade sempre vence.
VITÓRIA! A VITÓRIA! A VITÓRIA!
Deus, que tanto me faz e me concede, me permitirá mais uma prece.
Pai nosso, faz-me instrumento da Tua vontade e da Tua paz; faz-me instrumento da Tua bondade e da Tua justiça, para que se possa atender ao surdo clamor dos que não têm voz, mas querem dignidade, e ao grito dos que não têm voz, mas querem futuro.
Pai nosso, que seja feita a Tua vontade, para que todos possam ter um presente com cidadania, um futuro com esperança e um desenvolvimento com justiça.
Pai nosso, estende-me a Tua mão e repetirei com a Escritura: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!”
PAI NOSSO, PAZ E BEM PARA TODOS!
Muito Obrigado!
CÁSSIO CUNHA LIMA
Governador
Redação Clickpb