A perspectiva de chuvas na Paraíba em 2007 deve ficar abaixo da média e o conselho para os agricultores é de cautela antes de iniciar o plantio da safra, apesar de ter chovido em vários municípios do Litoral e do limite com o Estado do Ceará, nas últimas 24 horas e na manhã desta da sexta-feira, dia 29, segundo o diretor da Agência de Água Executiva de Gestão das Águas da Paraíba, Sergio Góis.
Ele explicou que como agropecuária é uma atividade de risco, mesmo que os produtores rurais tenham preparado a terra o plantio, deve esperar para saber como será o inverno neste ano. “Nosso conselho é para que tenham cautela até que se defina a estação das chuvas”, comentou.
Sobre as chuvas que ocorreram em João Pessoa, cidades do Litoral e também na região de Itaporanga, Monteiro até chegar a Cajazeiras, que ficam nas proximidades do limite com os Estados do Ceará e Pernambuco, Sérgio informou que isso é um bom prenuncio, mas não se caracteriza que durante os próximos dois meses sejam de chuva nestes locais. Nas demais regiões, apesar da nebulosidade, não ocorreu chuva.
A orientação dada é que os agricultores não devem fazer grandes investimentos com a finalidade cultivar suas lavouras, principalmente se tratando de agricultura de sequeiro, que só depende da chuva, sempre requer cuidados. “O plantio do feijão e do milho, que são culturas de subsistência, realmente é aconselhável o agricultor ter cautela porque ainda não se tem uma tendência de como será”, disse.
Sobre a possibilidade de chuva no próximo ano, o diretor da Aesa disse que a tendência é de que seja abaixo da média, apresentando um risco maior do que nos anos anteriores. “Pelo cenário que se apresenta, o risco é maior, por exemplo, do que tivemos em 2006 e 2007 será um ano de maior cautela para o agricultor e para o pecuarista”, acredita.
O dirigente da Aesa lembrou que recentemente técnicos de todo o Nordeste se reuniram em João Pessoa para discutir o período de chuvas para a região, principalmente entre os meses de dezembro até fevereiro e parte de março, englobando o Cariri, Curimatau e Brejo. As análises deixaram claro que a tendência da chuva deve ser abaixo da média, mostrando possibilidade de se ter inverno entre janeiro e fevereiro, mas não se apresentando favorável para as práticas agricultáveis.
Os pesquisadores estão aguardando uma melhor posição do El Nino para tomar uma posição definitiva, porque ainda não tem a garantia de que poderá se intensifica – o que seria um risco para a região – como pode ficar mais moderada, o que seria melhor. Ele sugere esperar para se ter uma idéia exata de como será a próxima estação. Explicou que deve ser um inverno que pode ajudar a aumentar a reserva hídrica, mas que corre risco para a agricultura.
Com relação às chuvas ocorridas nas últimas 24 horas, Sérgio Góis informou que se trata de um período de chuvas esparsas, sem seqüência que garanta um início de inverno. “A presença de nebulosidade é um bom indicar. Isso indicar que poderemos voltar a ter chuvas já em janeiro, o que a principio amenizar a situação da agropecuária, mas não traz ainda suporte nem segurança para o agricultor que cultivar seu roçado de milho e feijão. Para esses sugerimos muita cautela e aguardar um pouco”, disse.
Reservatórios
O pesquisador Sérgio Góis informou que na Paraíba apesar da estiagem prolongada ainda existe um bom volume de água armazenada, principalmente em três grandes reservatórios, mesmo que muitos municípios estejam enfrentando dificuldades de abastecimento para o consumo humano.
Esses reservatórios representam pelo menos 40% de todo o volume de água da Paraíba, e o restante se encontram em pequenos açudes e barragens, que nem sempre suportam um período longo de estiagem. Citou como exemplo a Barragem de Boqueirão, que serve para atender a m milhares de pessoas que residem na região do Compartimento de Borborema.
Ele disse que essa questão de manutenção de um constante volume de água nas barragens somente vai se resolver com a transposição de água do Rio São Francisco, cujo projeto deve reiniciar no próximo ano, principalmente em termo de abastecimento humano, porque atinge o Cariri e Curimatau. “Somente com esse aporte hídrico de fora vai garantir as populações uma maior tranqüilidade quanto ao potencial hídrico”, acredita.
Reunião
Sergio Góis confirmou que nos próximos dias o governador Cássio Cunha Lima vai se reunir com os prefeitos cujos municípios estão em estado de emergência, enfrentando dificuldades para o abastecimento das pessoas. A proposta é definir uma série de ações que possam contribuir para atender nesse momento, mas, sobretudo, montar um plano que possam ser colocado em pratica em caso de persistir a escassez de água nas regiões afetadas.
Ele informou que os pequenos açudes estão praticamente secos, sem a mínima condição do ser humano usar suas águas para o abastecimento. Ai entrar a questão do carro-pipa, que mesmo sendo uma situação de difícil solução, o Governo do Estado já trabalha várias alternativas, como por exemplo a construção de cisternas, pequenas adutoras, e perfuração de poços.
Há casos em que nenhuma dessas alternativas é viáveis, ai é preciso usar o carro-pipa, e a preocupação do governo do Estado é fazer a integração de bacias mais racionais, com melhor utilização dos recursos de modo a levar mais benefícios para a população.
Segundo Sérgio Góis, foi a partir deste quadro que o governador Cássio determinou a elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos que dá um cenário claro onde o governo deve fazer os investimentos para garantir o desenvolvimento sustentável. “Essa é uma diretriz que o governo utiliza para esse desenvolvimento que a Paraíba espera de seus governantes”, disse.
Secom-PB