Mais de 200 milhões de crianças menores de cinco anos nos países mais pobres não atingem seu potencial de desenvolvimento, segundo um estudo do University College de Londres publicado hoje na revista médica "The Lancet". Os pesquisadores vincularam a pobreza e a desnutrição em muitos países a um pobre desenvolvimento cognitivo infantil.
De acordo com a análise, é necessário o desenvolvimento de cada criança para alcançar os "Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU" para reduzir a pobreza e conseguir uma educação básica universal.
É possível que estas crianças com desvantagens não tenham um bom desempenho na escola e, portanto, tenham baixa renda e alta fertilidade, o que faz com que a pobreza atravesse gerações, segundo a principal autora do estudo, Sally Grantham-McGregor, do Centro para a Saúde Infantil Internacional do University College.
O texto afirma que as crianças dos países em desenvolvimento sofrem com a pobreza iminente, má nutrição e falta de estímulo na família o que afeta o desenvolvimento cognitivo, motor e socio-emocional.
De acordo com o estudo, os responsáveis pela criação de políticas que afetam a população não consideram o efeito que a pobreza e a desnutrição têm no desenvolvimento infantil.
"O primeiro Objetivo do Milênio da ONU é erradicar a extrema pobreza e a crise da fome. O segundo é assegurar que todas as crianças completem a escola primária. Está claro que melhorar o desenvolvimento infantil é um passo importante para atingir estes objetivos", afirmam os autores do estudo.
Acrescentam que existem 559 milhões de crianças menores de cinco anos vivendo em países em desenvolvimento, das quais 156 milhões têm problemas de crescimento e 126 milhões vivem na absoluta pobreza.
"As crianças estão destinadas a terem menos educação, um menor desenvolvimento cognitivo e a serem menos produtivas", afirmam os pesquisadores.
"Para alcançar os Objetivos do Milênio para reduzir a pobreza e assegurar que meninos e meninas completem a escola primária, os governos e as sociedades civis deveriam implementar programas de desenvolvimento infantil de alta qualidade", acrescentam.
Folha Online