O premiê iraquiano, Nouri al Maliki, anunciou neste sábado a implementação de uma megaoperação militar de suas forças de segurança, com o apoio do Exército dos Estados Unidos, contra a ação de rebeldes sunitas e das milícias xiitas em Bagdá.
Al Maliki fez o anúncio durante a comemoração do Dia do Exército, e ressaltou que o plano será implementado, apesar de quaisquer críticas por parte das facções políticas.
"O plano de segurança está pronto", afirmou. Segundo o premiê, comandantes militares de todas as regiões da capital, onde um outro plano de segurança foi lançado há cinco meses, teriam poder total para implementar as medidas como acharem adequadas em suas regiões.
"Após uma revisão dos planos anteriores, nós dependeremos das forças armadas para implementar este plano, e a Força Multinacional irá apoiar nossas forças", disse Al Maliki.
Segundo o premiê, qualquer tentativa de interferência de partidos políticos na realização do plano "será rejeitada". "Não haverá escapatória para quem opera fora da lei, independentemente de sua facção política", afirmou.
Al Maliki disse ainda que está ciente de que a megaoperação criará "inconvenientes para a população de Bagdá", mas que será realizada "para o bem dos iraquianos".
De acordo com o premiê, o principal alvo da operação será o Exército de Mahdi, leal ao clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, apontado pelos sunitas como responsável pelos esquadrões da morte que mataram centenas de pessoas há uma semana em Bagdá.
Mas, de acordo com o discurso de Al Maliki, os insurgentes sunitas também serão alvo da megaoperação.
Morte de Saddam
No mesmo discurso, Al Maliki se pronunciou oficialmente pela primeira vez sobre a execução do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, ocorrida no dia 30 de dezembro e Bagdá.
Segundo ele, o governo iraquiano pode "rever suas relações com todos os Estados que não respeitaram a vontade do povo" sobre a execução de Saddam, "assunto interno que diz respeito apenas aos iraquianos".
"O governo pode ser obrigado a rever suas relações com todos os Estados que não respeitaram a vontade do povo iraquiano", ameaçou Al Maliki, em cerimônia pelo 86º aniversário da fundação do exército iraquiano. "Rejeitamos e condenamos as reações, oficiais ou divulgadas pela imprensa, de certos governos", afirmou o premiê.
Saddam foi condenado à morte e executado pelas responsabilidade nas mortes de 148 xiitas em represália a um atentado contra seu comboio presidencial, em 1982, em Dujail, norte de Bagdá.
Mas o ex-ditador também estava sendo julgado por genocídio no Alto Tribunal Penal Iraquiano por ter ordenado a campanha militar conhecida como Operação Anfal, que matou 180 mil pessoas no Curdistão (norte) entre 1987 e 1988, segundo a acusação.
Autoridades iraquianas eram também acusadas de responsabilidade no bombardeio químico da cidade de Halabja, no Curdistão, que matou 5.000 pessoas em 1988.
Folha Online