Dez deputados federais eleitos para a próxima legislatura doaram para suas campanhas mais do que o valor total de seus bens declarados à Justiça Eleitoral. Seis deles são do PT, dois do PMDB, um do PSDB e um do PL. Dois tiveram as contas rejeitadas pelos TREs.
A deputada federal reeleita Maria do Carmo Lara (PT-MG) foi a que apresentou maior desproporção entre doação de recursos próprios e patrimônio declarado: 249%. A maior diferença absoluta entre os dois valores ficou por conta do também deputado federal reeleito Wellington Fagundes (PL-MT): doou R$ 95,9 mil a mais do que o valor de seus bens.
A Folha cruzou os dados das prestações de contas, entregues em outubro, e as declarações de bens dos 513 deputados eleitos enviadas aos TREs em julho. Os parlamentares, neste período, podem ter recebido salários ou outros pagamentos.
Os seis deputados eleitos que atenderam à Folha afirmaram que recorreram principalmente a empréstimos em bancos ou com amigos para não apresentarem dívidas de campanha.
Eleita para o terceiro mandato na Câmara, a ex-prefeita de Betim (MG) Maria do Carmo Lara é um desses casos. Ela declarou bens de R$ 29 mil, mas doou R$ 101.320,40 para a própria campanha, sendo que 95% do montante após as eleições.
O deputado estadual Marcelo Melo (PMDB-GO), eleito para seu primeiro mandato em Brasília, fez a segunda doação mais desproporcional: 27,5% a mais que o valor dos bens. Investiu R$ 75,5 mil (R$ 73 mil após as eleições) com um patrimônio de R$ 59.183. Ele teve as contas de campanha rejeitadas.
Terceiro na lista, o deputado estadual Antonio José Medeiros (PT-PI) doou 21,6% a mais do que declarou em julho. Foram R$ 130.763 de recursos próprios para um patrimônio declarado de R$ 107.476,81. Diferentemente dos demais, 38% das doações de Medeiros ocorreram durante a campanha.
Folha de São Paulo