A Whirlpool, dona no Brasil da Multibrás (que detém as marcas Brastemp e Consul), confirmou hoje que vai encerrar a produção de fogões e demitir 450 pessoas em sua fábrica localizada na zona sul de São Paulo.
A fábrica do Jardim Santa Emília produz fogões Brastemp. Essa linha será transferida para a unidade de Rio Claro, no interior do Estado, que deverá contratar 450 funcionários neste semestre e também receber outros 150 que hoje trabalham em São Paulo e serão transferidos.
As demissões representam mais da metade dos 880 trabalhadores da empresa em São Paulo. A linha de produção foi paralisada a partir de hoje. Continuarão a trabalhar em São Paulo o serviço de atendimento ao consumidor, a linha de purificador de água Brastemp, o pessoal de Tecnologia da Informação, entre outras funções administrativas.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Eleno Bezerra, disse que a empresa ofereceu pagar 0,5 salário por ano trabalhado até um teto de R$ 5.000 aos demitidos na capital, além de todas as indenizações trabalhistas previstas em lei.
A empresa também informou que os demitidos terão acesso a um programa de recolocação profissional.
Em assembléia realizada nesta tarde, entretanto, os trabalhadores decidiram rejeitar a proposta. Eles querem que a empresa pague um salário por ano trabalhado sem um teto, concessão de cesta básica e convênio médico pelos próximos 12 meses e pagamento de 200 horas de cursos profissionalizantes.
Além disso, para os 150 trabalhadores que aceitarem a transferência para Rio Claro, o sindicato quer estabilidade e pagamento de aluguel residencial por um período de um ano.
Os trabalhadores já ocuparam a fábrica e não vão produzir nem deixar que a empresa comece a transferência de produtos e máquinas, afirmou Bezerra.
Na cidade de São Paulo, a Whirlpool produz fogões da marca Brastemp. Já em Rio Claro a empresa produz fogões da Consul e lavadoras e lava-louças das duas marcas.
Durante reunião com sindicalistas, a empresa apresentou três argumentos para transferir a produção: 1) perdeu 30% das exportações de fogão para a Argentina com a imposição de cotas pelo país vizinho; 2) a desvalorização do dólar levou a empresa a exportar com prejuízo; e 3) os custos são menores na fábrica de Rio Claro.
A transferência é, neste momento, a solução mais adequada para uma melhor utilização dos ativos da companhia e melhoria da competitividade no mercado, diz a empresa em nota.
Folha Online